SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O principal líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi enterrado nesta sexta-feira (2), no Qatar, dois dias após ter sido assassinado na capital iraniana, Teerã. Durante a cerimônia fúnebre, integrantes do grupo terrorista ameaçaram intensificar os ataques contra Israel.
Haniyeh foi sepultado em um cemitério na cidade de Lusail, na costa leste do país, depois de receber homenagens póstumas em uma mesquita na capital, Doha.
O caixão, envolto na bandeira palestina, foi levado em uma procissão que foi acompanhada de centenas de pessoas. Os enlutados também carregaram a urna funerária de seu guarda-costas morto no mesmo ataque, em Teerã, na última quarta (31).
Khaled Meshaal, cotado para ser o novo líder do Hamas, participou da cerimônia. Outras autoridades do grupo terrorista e o emir do Qatar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, também estiveram presentes.
A morte de Haniyeh ocorreu a poucos dias de o conflito na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas completar dez meses e aumentou os temores de que a crise se espalhe pelo Oriente Médio.
O Hamas e o regime do Irã acusaram Israel de assassinar Haniyeh e prometeram retaliação. Já Tel Aviv não havia assumido a autoria do ataque, tampouco negado responsabilidade.
Sami Abu Zuhri, um alto funcionário do Hamas, disse à agência de notícias Reuters que a facção vai retaliar a morte de Haniyeh. “Nossa mensagem para as forças da ocupação [de Israel] é a de que vocês estão se afundando na lama. O fim de vocês está mais próximo do que nunca. O sangue de Haniyeh mudará todas as equações.”
Khaled Suleiman, que estava entre os enlutados na mesquita, ecoou ameaças feitas por Zuhri. “Hoje viemos para afirmar que a resistência não terminará com o martírio do líder. Atrás do líder vem um novo líder”, afirmou.
Haniyeh morreu em uma explosão de um dispositivo que havia sido plantado na casa de hóspedes mantida pelo regime iraniano em Teerã, a capital do país, onde ele estava alojado, segundo autoridades disseram ao jornal The New York Times.
A bomba teria sido escondida na casa há aproximadamente dois meses. O local é administrado e protegido pela Guarda Revolucionária do Irã e faz parte de um complexo conhecido como Neshat, situado em um bairro nobre da capital iraniana.
O ataque foi um dos vários, nos últimos dias, que mataram figuras importantes do Hamas ou do movimento libanês Hezbollah em um conflito que cada vez mais se estende de Gaza ao mar Vermelho e à fronteira Líbano-Israel.
Após os ataques recentes, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a morte de Haniyeh não contribui para o esforço internacional em estabelecer um novo cessar-fogo no conflito em Gaza. “Não ajuda”, disse o democrata na quinta (1º), após ser questionado se a ação havia arruinado as chances de um acordo de paz.
O Qatar tem liderado os esforços para uma nova trégua na guerra juntamente com Egito e EUA.
Haniyeh era o rosto da diplomacia internacional do Hamas desde que o conflito entre Israel e a facção teve início, em outubro passado. Analistas o consideravam pragmático em comparação aos membros mais linha-dura do grupo que estão em Gaza.
Antes, três de seus filhos já tinham sido mortos em um ataque aéreo feito por Israel em Gaza, em abril, juntamente com quatro de seus netos, segundo o Hamas.
Nomeado para a liderança da facção em 2017, Haniyeh se movia entre Turquia e Qatar, escapando das restrições de viagem da bloqueada Gaza.
Em maio, o escritório do procurador do Tribunal Penal Internacional solicitou mandados de prisão para três líderes do Hamas, incluindo Haniyeh, bem como o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, por supostos crimes de guerra. Israel e os líderes palestinos negaram as acusações.
Embora Israel não tenha assumido a autoria da morte de Haniyeh, autoridades do país anunciaram que um ataque aéreo matou Mohammed Deif, chefe da ala militar do Hamas, no mês passado em Gaza. A facção não confirmou nem negou a morte.
Já o Hezbollah disse que seu comandante militar sênior Fuad Shukr foi morto em um ataque israelense a um prédio em Beirute na terça (30) e prometeu uma “resposta definitiva” a Tel Aviv.
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