RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Prefeituras do interior e do litoral de São Paulo anunciaram nos últimos dias o cancelamento em massa de atividades carnavalescas em 2022 devido ao temor de uma nova onda de contágio da Covid-19, ainda mais com a descoberta da nova variante ômicron. Em muitas das cidades, porém, os vetos se restringem somente à esfera pública.
Isso significa que desfiles de escolas de samba, shows musicais ou outras atividades que envolvam gastos aos cofres públicos no Carnaval estão suspensos, mas empresas, restaurantes, bares ou clubes interessados em oferecer atrações aos foliões poderão realizar eventos.
Mais de 50 cidades do interior e do litoral paulistas anunciaram desde a última semana o cancelamento das comemorações carnavalescas, inclusive municípios sem casos do coronavírus, nem mesmo suspeitos, há muitas semanas.
Entre as alegações para a suspensão, além do temor de uma nova onda da doença, estão a ausência de recursos financeiros para bancar a folia, a falta de tempo hábil para contratar a estrutura necessária e cancelamentos em conjunto com outras cidades para tentar evitar migração de foliões.
Segundo as administrações, os eventos privados deverão seguir as recomendações sanitárias vigentes no período em que forem realizados.
No Alto Tietê, uma decisão conjunta de dez prefeituras (Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Branca, Santa Isabel e Suzano) suspendeu atividades promovidas por elas, mas festas em clubes e salões privados poderão ocorrer seguindo normas de segurança e sob responsabilidade dos organizadores.
Segundo o Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê), o objetivo da suspensão é manter controlados os indicadores da pandemia.
“Os bailes em salões privados serão de responsabilidade dos organizadores e deverão seguir as normas de segurança e as orientações das vigilâncias sanitárias de cada município. A decisão acompanha o que já foi anunciado em outras regiões do estado e cada município fará o anúncio oficial”, diz o Condemat.
Segundo o comitê, na última quarta-feira (24) os prefeitos avaliaram o investimento necessário para a festa e o cenário de controle da pandemia. Ou seja, pesou também na conta o gasto com o Carnaval, embora as administrações afirmem que o controle da Covid-19 é o principal motivo.
É o que ocorre, por exemplo, em Sorocaba, uma das primeiras cidades a anunciar a suspensão do uso de recursos públicos para os festejos carnavalescos.
O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) afirma que a decisão não se deve a alguma contrariedade com o Carnaval, mas sim para dar prioridade a setores como saúde, educação e segurança.
“Importante esclarecer que não se trata de uma medida contrária à realização do Carnaval no município. As ações dessa importante festa popular brasileira poderão ocorrer normalmente na cidade, desde que realizadas por meio de parcerias com a iniciativa privada ou recursos próprios, por exemplo”, diz trecho de comunicado da prefeitura sobre a suspensão.
Estância turística, Batatais também não terá eventos carnavalescos tradicionais, como o desfile de suas escolas de samba, nem nenhuma outra atividade em espaços públicos.
O desfile local, incluindo gastos estruturais e verbas às agremiações que desfilam, custa cerca de R$ 1 milhão por Carnaval.
O prefeito Juninho Gaspar (PP) liberou eventos em locais privados. Ao anunciar o cancelamento das atividades públicas, ele, que preside a região metropolitana de Ribeirão Preto, destacou a alta de casos da Covid-19 em países europeus e a necessidade de ampliar a vacinação, entre outros fatores, como motivos para o veto.
Ainda segundo ele, uma nota de apoio a todos os municípios da região que tomaram a decisão seria distribuída junto com seu vice, o prefeito de Serrana, Léo Capitelli (MDB). O cancelamento gerou queixas da Uesb (União das Escolas de Samba do Brasil).
Em Franca, a prefeitura anunciou que não realizará eventos de Carnaval em 2022 na região do Parque Fernando Costa, que anualmente abriga os desfiles das escolas de samba, para priorizar o uso de recursos para a saúde.
O prefeito Alexandre Ferreira (MDB) afirmou, no anúncio da suspensão, que respeita a tradição e a comunidade carnavalesca, mas que é preciso ter cautela.
“Como é uma decisão pensando na saúde pública, vamos priorizar os recursos que seriam utilizados no Carnaval para as ações na saúde”, disse o prefeito.
Na última sexta (26), questionada pela Folha, a prefeitura informou que a decisão de Alexandre é exclusiva para eventos públicos, “realizados com recursos municipais”.
O cenário não é exclusivo das cidades do interior de São Paulo. Em Poços de Caldas (MG), por exemplo, a prefeitura também anunciou a suspensão de eventos organizados por ela, mas liberou festas particulares em locais como clubes, bares ou restaurantes.
As regras para o funcionamento desses locais deverão ser divulgadas nas próximas semanas pela prefeitura.
CIDADES PAULISTAS QUE CANCELARAM O CARNAVAL
Altinópolis
Barrinha
Borborema
Botucatu
Brodowski
Cabreúva
Caçapava
Caconde
Cajuru
Cássia dos Coqueiros
Cunha
Descalvado
Dobrada
Dumont
Franca
Guariba
Iacanga
Ibitinga
Itápolis
Itupeva
Jaboticabal
Jarinu
Jundiaí
Lins
Louveira
Mogi das Cruzes
Monte Alto
Monteiro Lobato
Natividade da Serra
Orlândia
Paraibuna
Pitangueiras
Pradópolis
Poá
Potirendaba
Roseira
Sales Oliveira
Salesópolis
Santa Cruz da Esperança
Santa Ernestina
Santa Isabel
Santa Rosa do Viterbo
Santo Antônio da Alegria
Santo Antônio do Pinhal
São Bento do Sapucaí
São Joaquim da Barra
São Luiz do Paraitinga
São Simão
Sarapuí
Sorocaba
Suzano
Taquaritinga
Taubaté
Ubatuba
Urupês
Valinhos
Várzea Paulista
Vinhedo
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