SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um bebê de dois meses morreu nesta quinta-feira (2) durante a travessia de quase 300 migrantes da África para as Ilhas Canárias, território espanhol, segundo divulgou o serviço de emergência do país europeu.
Em rede social, o órgão informou que eram 283 pessoas que estavam em cinco botes infláveis e tinham como destino a ilha de Fuerteventura, a mais próxima do Marrocos. Quase todos eram de origem subsaariana, com exceção de 11 pessoas de Bangladesh, de acordo com o jornal espanhol Ultima Hora.
Membros do grupo de resgate afirmaram à agência de notícias AFP que haviam 208 homens, 68 mulheres e 7 menores de idade, incluindo o bebê que não sobreviveu após uma parada cardiorrespiratória, segundo o jornal. A publicação divulgou ainda que sua mãe pensava que a criança estava dormindo.
Desde o início do ano, 36.379 migrantes sem documentos chegaram ao litoral espanhol, 511 a mais do que no mesmo período em 2020, segundo os números mais recentes do Ministério do Interior do país europeu.
Em maio, a crise migratória se agravou quando mais de 10 mil pessoas tentaram entrar em Ceuta, um enclave espanhol vizinho ao Marrocos. Os viajantes chegavam por mar nadando, a bordo de flutuadores ou botes infláveis e até a pé, quando a maré baixa permitia. Outros tentavam cruzar a fronteira terrestre, protegida por uma cerca dupla.
O estopim foi o relaxamento da vigilância na fronteira por parte do Marrocos, em um contexto de tensão diplomática com a Espanha, devido à presença no país europeu do líder do movimento de independência do Saara Ocidental.
O governo marroquino reagiu com indignação à notícia de que o chefe da Frente Polisário, Brahim Ghali, encontrava-se internado desde meados de abril em um hospital espanhol para ser tratado de Covid-19.
À época, o país africano afirmou que o dirigente havia viajado com passaporte falso e pediu uma investigação transparente sobre sua chegada à Espanha, justificada por Madri por razões humanitárias. A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta há décadas pela independência do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola controlada em sua maioria pelo Marrocos, que quer manter a região sob seu comando.
Em meio ao fluxo, o Ministério do Interior espanhol divulgou que 7.500 migrantes foram devolvidos ao Marrocos, sem saber especificar quantos eram menores, o que gerou críticas de ONGs. As organizações advertiram que menores desacompanhados não podem ser devolvidos sem um exame detalhado de sua situação.
A Espanha enfrenta o reflexo do endurecimento da fiscalização no mar Mediterrâneo que fez aumentar, a partir de 2019, as chegadas ao arquipélago das Canárias, palco de uma outra crise migratória em 2006.
Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), 2021 está sendo um dos anos mais mortais nas rotas até o país europeu, com ao menos 936 óbitos ou desaparecimentos de pessoas que tentavam chegar ao arquipélago desde o início do ano.
Isso porque, para chegar às Canárias, as embarcações geralmente pequenas e sobrecarregadas de pessoas que nem sempre sabem nadar enfrentam correntes particularmente fortes.
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