Durante a Operação Onipresente, concluída pela Polícia Federal na segunda-feira (29), os agentes descobriram que os índios tinham inclusive uma tabela de preços para a extração de madeira nas terras pertencentes às aldeias. A ação, realizada em conjunto com fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) resultou na prisão de um cacique e um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai).
A operação foi deflagrada para combater crimes ambientais em terras indígenas, como extração ilegal de madeira e garimpos clandestinos. As ações foram realizadas durante 15 dias, em 21 pontos localizados na Terra Indígena Aripuanã, localizada entre os municípios de Juína e Aripuanã (etnia Cinta Larga); Terra Indígena Menkü, no município de Brasnorte (etnia Menķü) e no Parque Nacional do Xingu, em Feliz Natal (etnia Ikpeng). Foram utilizados 2 helicópteros, 12 policiais federais e 4 fiscais do Ibama.
Uma tabela de preços para retirada de madeira na aldeia foi encontrada pelos agentes da Polícia Federal e do Ibama. De acordo com o registro, eram cobrados R$ 250 pelos palanques de 3,5 metros, R$ 360 pelas lascas e pela madeira branca, R$ 650 pelo metro cúbico de tora e R$ 1.600 pelo lascão. O documento dizia ainda que a “nova tabela de preços das madeiras foi decretada pela aldeia Pïrino” e é datada do dia 19 de março de 2022.
Segundo informações da Polícia Federal, além da extração de madeira, ainda era realizado um garimpo ilegal na região. Em uma das terras indígenas, o cacique recebia 20% de todo o ouro retirado do local, que estava registrado em seu nome. Para os agentes, isso reforça a tese de que era ele quem realmente comandava o esquema.
Durante a realização da Operação Onipresente, madeireiros chegaram a derrubar sete árvores no caminho, na tentativa de impedir a passagem dos policiais federais. Neste dia, os agentes tiveram que trabalhar por cerca de 20 horas ininterruptamente. A escolha das localidades fiscalizadas foi feita através de monitoramento via satélite, utilizando o sistema “Planet”. Ele é capaz de detectar desmatamentos em áreas tão pequenas quanto um quintal de uma casa por exemplo.
Durante a operação, foram apreendidos documentos, celulares, sete escavadeiras hidráulicas, três caminhões, sete tratores, doze motocicletas e trinta motores estacionários utilizados na lavagem do solo. Foram destruídos diversos acampamentos que davam suporte para a prática dos crimes. As escavadeiras e veículos que estavam em situação precária de conservação ou locais de difícil acesso, foram inutilizados. Os demais foram retirados e receberão destinação que será definida posteriormente.
A Polícia Federal descobriu ainda a atuação de um funcionário da Funai no esquema. Ele passava informações a garimpeiros, para que escapassem da ação policial. Com isso, foi possível a realização da Operação Ato Reflexo, que resultou na prisão desse servidor e de uma liderança indígena que recebia 20% de todo ouro extraído da área protegida.
Folhamax
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