SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Santa Catarina, Rio de Janeiro e Tocantins tiveram as maiores densidades de raios do país nos três meses de verão de 2022, segundo índice produzido, pela primeira vez, pelo grupo Elat (Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O novo índice faz a relação entre o número de raios que incidem sobre um estado e a área da unidade federativa. A importância desse tipo de dado, segundo Osmar Pinto Jr., coordenador do Elat, é alertar para o risco de uma pessoa ser acertada.
Em teoria, quanto maior o valor, maior a chance de ser atingido por uma descarga elétrica. Mas, claro, há diversos outros elementos que impactam essas chances de ser acertado, como o número de habitantes, hábitos locais e nível de conscientização da população. Dessa forma, o índice conta uma parte da história.
De toda forma, o Elat estima que, no último verão, havia uma probabilidade média de um em 20 mil em ser atingidos por um raio em SC, RJ e TO.
Ao todo, os primeiros três meses deste ano tiveram 21,4 milhões de raios em todo o país (com janeiro na dianteira em questão de descargas elétricas), cerca de 11% a mais do que no verão passado. O aumento pode estar associado ao La Niña, segundo o Inpe.
Os mais de 21 milhões de raios nesse período provocaram 21 mortes (dados ainda preliminares), número um pouco menor do que o registrado no verão de 2021, com 29 óbitos.
“As pessoas não têm esse conhecimento”, afirma Pinto Jr, sobre os riscos de ser atingido por descargas elétricas dependendo da época do ano. O pesquisador do Elat/Inpe defende uma maior conscientização sobre o assunto para a população.
No Sudeste, por exemplo, o verão costuma ter a maior frequência de raios. No Sul e Norte, a primavera tem uma maior concentração de descargas elétricas, diz Pinto Jr.
Isso se torna ainda mais relevante ao se considerar a quantidade de pessoas que morrem por ano no Brasil acertadas por raios, uma média de 110 (considerando o período de 2000 a 2019). No ranking mundial, isso leva o país à sétima colocação, segundo Inpe.
Quando se fala em raios atingindo o solo, logicamente o problema mais grave são as mortes. Mas as descargas elétricas também são responsáveis por prejuízos financeiros ao danificar estruturas e equipamentos.
O Brasil é campeão mundial de raios. Em média, são mais de 77 milhões de descargas por ano caindo no país.
E, segundo pesquisadores do Inpe, as novas dinâmicas climáticas trazidas pela crise do clima devem fazer crescer ainda mais o número de raios no Brasil. O país pode chegar a cerca de 100 milhões anuais.
No cenário intermediário de redução de emissões de gases-estufa projetado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), de 2081 a 2100, a região Norte pode ter um aumento de até 30% no registro de raios. Em seguida, aparecem Centro-Oeste (24%) e Sudeste (18%).
Até nos melhores cenários de aquecimento global -difíceis de serem alcançados com o ritmo de emissões e com os planos para os próximos anos–, os aumentos no Norte, Centro-Oeste e Sudeste ficam acima ou muito próximos a 10%.
Segundo Pinto Jr, a ideia é, a cada três meses, apresentar o índice de densidades raios atualizado e, assim, conseguir acompanhar as mudanças de dinâmicas de raios pelo país com o passar das estações e com o avanço da crise do clima.
COMO SE PROTEGER
Segundo o pesquisador do Inpe, a principal maneira de evitar tragédias com raios é a partir da informação.
Em tempestades, por exemplo, o indicado é evitar o uso de equipamentos que estejam ligados à rede elétrica e também não ficar perto de tomadas dentro de casa.
Outra indicação é não usar telefone com fio ou um celular que esteja conectado ao carregador. Banhos em chuveiros elétricos, proximidade com janelas e portas metálicas e com torneiras e canos também deve ser evitada. Mesmo prédios com para-raios não estão totalmente protegidos.
Durante tempestades, vale procurar abrigo e não ficar em áreas abertas ou próximo a corpos de água.
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