“Até à data, temos cerca de 140 estudantes que querem regressar a Macau”, devido às condições criadas pelas medidas antipandêmicas nos estabelecimentos de ensino em Xangai, no leste da China, afirmou Coco Choi, ressaltando que os universitários pediram a ajuda do Governo local.
A Direção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) indicou à agência de notícias Lusa que “nesta fase, os estudantes devem continuar a cooperar com as instituições [de ensino] e com as medidas de prevenção e controle de Xangai”.
O governo municipal de Xangai está “aplicando estritamente a medida de ‘não deixar Xangai a menos que seja necessário'”, sublinhou a DSEDJ, acrescentando que “cerca de 50 estudantes manifestaram a intenção de regressar a Macau, entre maio e agosto”.
Um surto de covid-19 em Xangai, no leste da China, levou as autoridades chinesas a impor um confinamento quase total da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes, há cerca de um mês.
Em meados de março, a associação College tinha já contatado as autoridades de Macau, “mas todos os departamentos [governamentais] indicaram não existir forma de resolver o problema do regresso dos estudantes”, afirmou Coco Choi.
Numa das cartas enviadas às autoridades de Macau por estudantes de Macau em Xangai, os jovens pediram ao Governo o envio de um voo ou assistência no regresso, já que “muitas universidades decidiram optar pelo ensino ‘online’, devido à incerteza do surto de covid-19”.
As autoridades de Macau adiantaram que “no momento” não há voos de Xangai para o território e aconselharam os estudantes a considerar “uma vez a epidemia estabilizada” se devem regressar à região administrativa especial chinesa, onde ficarão sujeitos às medidas de imigração e quarentena do governo.
Choi descreveu que, devido às políticas anticovid-19 em Xangai, os estudantes enfrentam condições difíceis.
“Algumas universidades fecharam os dormitórios, os estudantes não conseguem sair do quarto. Algumas universidades fecharam os banheiros e os estudantes não podem tomar banho, sendo que alguns estudantes queixaram-se que não têm refeições suficientes”, esclareceu.
Nas universidades chinesas, os quartos dos dormitórios estudantis são partilhados, de um modo geral, por mais de quatro pessoas. Por outro lado, é habitual o banheiro estar separado do dormitório, muitas vezes em edifícios diferentes.
Queenie Chou, que frequenta a Universidade Normal da China Oriental, disse à Lusa que os estudantes não conseguem tomar banho há 14 dias devido às medidas restritivas a dificultar o acesso a diferentes zonas do ‘campus’.
“O pior é que alguns estudantes não têm alimentos suficientes e muitas vezes consomem produtos fora de validade”, referiu.
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