Nem Mohamed Salah, nem Sadio Mané. O diferencial e a marca do Liverpool na atual temporada europeia é Thiago Alcântara. Lembrando a maestria e técnica do pai brasileiro, o espanhol de 31 anos transformou o meio-campo do clube inglês nos últimos meses e deve ser figura decisiva mais uma vez na partida contra o Villarreal, às 16 horas (de Brasília) desta terça-feira, na volta da semifinal da Liga dos Campeões.
A partida vale vaga naquela que pode ser a terceira final do Liverpool nas últimas cinco temporadas da competição continental – perdeu para o Real Madrid em 2017-18 e venceu o Tottenham na decisão seguinte. Os ingleses entram em vantagem nesta terça porque venceram por 2 a 1 em casa, na ida. Ou seja, avançam mesmo em caso de derrota por um gol de diferença.
Contando com o seu já tradicional poder ofensivo, como aconteceu nos últimos anos, o Liverpool agora tem seu diferencial no meio-campo, mais sólido e mais regular, diferentemente das duas temporadas anteriores. E o responsável por essa subida de nível é Thiago Alcântara, filho do brasileiro Mazinho, que deu um jeito no meio-campo da seleção brasileira na campanha vitoriosa na Copa do Mundo de 1994.
Quase 30 anos depois, seu filho segue à risca sua técnica e liderança em campo. Na ida, ele acertou nada menos que 99 dos 103 passes que distribuiu ao longo da partida. Nesta Liga dos Campeões, seu aproveitamento no fundamento é de incríveis 92,5%. Com seus passes e armação, o Liverpool se tornou o time que mais venceu nesta competição, com nove vitórias em 11 jogos. E exibe ainda o terceiro melhor ataque, capitaneado por Salah e Mané.
“Quando Thiago está em forma, ele pode jogar em qualquer time ou seleção do mundo”, afirma Jürgen Klopp, criticado por parte da torcida e por comentaristas por ter contratado o filho de Mazinho em setembro de 2020. Na ocasião, muitos viam o armador espanhol sem as devidas características necessárias para jogar no veloz Liverpool.
E o começo, de fato, não foi animador. Thiago sofreu diretamente e indiretamente com as lesões no time. Uma contusão grave o tirou de praticamente toda a primeira temporada pelo clube inglês. Em seu retorno, não pôde atuar na posição que gosta, na armação. Foi improvisado perto dos zagueiros porque o volante Fabinho, responsável por esta função, estava jogando na zaga, em razão dos seguidos desfalques do time no setor.
Somente nesta temporada, Thiago ganhou espaço para atuar mais à frente, logo atrás dos atacantes. “Como qualquer pessoa no mundo, Thiago precisa estar em boa forma, precisa ter ritmo e estar bem em todos os aspectos físicos para mostrar o seu melhor futebol. Aí ele pode mostrar a todos como ele é bom”, comenta Klopp.
Com o espanhol formando trio do meio-campo com Fabinho e Henderson, ambos com funções mais defensivas, o Liverpool ganhou mais controle de bola e mais calma. O contraste com as últimas temporadas é grande. Afinal, o time abusava da velocidade, muitas vezes se tornando vítima das próprias qualidades ao abrir brechas no meio e na defesa. Com a cadência de Thiago, a equipe agora consegue controlar melhor as partidas, na base da velocidade e também da paciência.
Foi assim nos últimos três jogos do time. No fim de semana, soube “sofrer” até conseguir o gol da vitória sobre o Newcastle, pelo Campeonato Inglês. O mesmo já tinha acontecido contra o Everton e o próprio Villarreal. Na ida da semifinal, os primeiros 45 minutos foram de forte domínio e zero gol. Sem cair no desespero, o time inglês apostou na cadência para encontrar os espaços e construir o placar de 2 a 0. Thiago foi eleito o jogador da semana pela Uefa.
Para o segundo jogo contra os espanhóis, a única dúvida está no ataque. Sem Roberto Firmino, ainda voltando de lesão, Klopp pode escalar Diogo Jota ou Luis Díaz para formar trio com Salah e Mané.
Do outro lado, o técnico Unai Emery mantém a confiança na possível virada do Villarreal. Mas admite enfrentar “o melhor time do mundo”. “Primeiramente, jogamos em casa, com nossa torcida. Segundo, temos de ganhar. Terceiro, temos de defender. Nossa partida defensiva deve ser brutal. A partir disso, devemos encontrar o que não encontramos [no jogo de ida], nossa forma de jogar. Não buscamos referências externas, mas coisas nossas. Encontrar uma referência em nosso jogo que permita nos aproximar deles”, afirma.
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