SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Equipes da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo foram acionadas no dia 12 de novembro para tentar resolver um mistério bastante incomum: quem foi o responsável por colocar um pênis de borracha na mesa de um dos professores da academia do Barro Branco, responsável por formar os principais quadros da corporação.
Ao chegarem na unidade, que fica na zona norte da capital paulista, os agentes da Corregedoria encontraram funcionários e alunos proibidos de deixar o local até que o caso fosse esclarecido.
Seus superiores exigiam saber quem tinha invadido a sala de um professor, atirado água no computador dele e, ainda, deixado o objeto fálico em cima da mesa.
Apesar das broncas e ameaças, o responsável pelo ato não foi descoberto naquele dia e a turma acabou liberada horas depois. O assunto, porém, segue sendo investigado.
Todos os materiais (incluindo o pênis) foram recolhidos pelos agentes da Corregedoria para abertura de uma apuração. Analistas da PM tentam agora encontrar as digitais no material e confrontá-las com as das pessoas que estavam na unidade e, assim, identificar o culpado.
A academia do Barro Branco tem aproximadamente 660 cadetes, além de cerca de 140 funcionários. Não há câmeras no local onde o trote ocorreu.
De acordo com policiais ouvidos pela reportagem, o assunto se tornou um dos mais comentados nos grupos de PMs nas redes sociais nos últimos dias, virou stickers (figurinhas usadas para ilustrar conversas no WhatsApp) e tema de debates sobre os motivos que levaram ao trote.
Policiais disseram que o oficial alvo do trote seria o responsável pelo setor que cuida das operações realizadas pela academia. Uma das principais funções da unidade é exatamente ensinar aos alunos as funções práticas da função, inclusive com a realização de ações nas ruas.
Segundo essas pessoas ouvidas pela reportagem, o professor em questão não era considerado odiado pelos alunos, o que aumenta ainda mais as dúvidas sobre o caso.
Embora nas redes o caso tenha sido tratado pela maioria como brincadeira, os responsáveis pelo trote podem pagar caro pela ação –se vierem a ser identificados, evidentemente.
Entre as punições previstas está o desligamento do curso de oficiais, por exemplo. Se o aluno já era policial antes de entrar na academia, ele pode ainda ser alvo de um processo para ser expulso da PM.
Oficiais ouvidos pela reportagem afirmaram não ter conhecimento de casos semelhantes na academia do Barro Branco, considerada uma instituição de excelência na formação de cadetes e com vestibulares tão concorridos quanto os dos principais cursos da USP (Universidade de São Paulo).
Um único momento lembrado por eles foi o que levou à punição de Olímpio Gomes –o senador Major Olímpio, morto em março em decorrência da Covid.
Em 1982, na véspera de sua formatura na academia, ele e outros colegas de classe entraram no pátio da unidade em veículos em alta velocidade e deram “cavalos de pau”, provocando uma enorme confusão.
Pela brincadeira, mesmo estando apenas como carona, ele ficou preso por 25 dias (um dos 17 alunos punidos) e foi rebaixado de primeiro para segundo lugar de sua turma –decisão que marcou a carreira do oficial para sempre e era uma de suas grandes mágoas, conforme desabafava em entrevistas.
Procurada, a Polícia Militar não quis se manifestar.
Deixe o Seu Comentário