SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mortes em decorrência de choque elétrico por contato com postes têm ocorrido com frequência nos últimos anos em todo o país. Somente no ano passado, dez pessoas morreram eletrocutadas no Brasil depois de encostarem nesses equipamentos, segundo dados exclusivos da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade).
Os números da associação fazem parte de um anuário que será lançado no próximo dia 30, na sede da Fiesp, na capital paulista. No ano passado, 674 acidentes de todo tipo, não apenas em relação a postes, levaram à morte por choque elétrico no Brasil.
Até 2019, a Abracopel somava as mortes por choque elétrico envolvendo contato com postes e também grades metálicas. Mantendo-se esse método, foram 195 mortos entre 2015 e 2021. Veja os dados na planilha abaixo.
Ano – Acidentes – Mortes
2015 – 29 – 23
2016 – 54 – 30
2017 – 32 – 25
2018 – 39 – 22
2019 – 64 – 38
2020 – 49 – 33
2021 – 41 – 24
Total – 308 – 195
*grades e postes metálicos
Nos últimos dois anos, a associação separou as mortes ocorridas exclusivamente por contato com postes. Foram 27, em 2020, mais as 10 do ano passado.
Um dos casos mais emblemáticos ocorridos na última década aconteceu na capital paulista, durante o Carnaval de 2018.
O universitário Lucas Antônio Lacerda da Silva, 22, morreu em fevereiro de 2018, ao encostar em um poste de sinalização de pedestres na esquina das ruas da Consolação e Matias Aires, na região central, durante a passagem do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.
Na ocasião, segundo amigos, o universitário caiu na calçada logo após uma primeira descarga elétrica, encostou o pescoço no equipamento e foi eletrocutado. Em abril daquele ano, um laudo do IC (Instituto de Criminalística), divulgado pela Polícia Civil, apontou que a ligação irregular em uma das câmeras de monitoramento levou à energização do poste e de uma grade de segurança próxima.
Em 2013, uma grávida de 32 anos também foi eletrocutada e morta no largo do Machado, no Rio de Janeiro, ao encostar em um poste de iluminação pública.
Mais recentemente, em fevereiro de 2020, uma mulher de 25 anos apoiou-se em um poste e em uma cerca, ao urinar, e acabou eletrocutada no Distrito Federal.
Em outubro do ano passado, a queda de um poste fez com que duas mulheres tivessem contato com a fiação em Águas Lindas de Goiás, também nas proximidades do DF. Ambas morreram eletrocutadas.
O engenheiro eletricista Edson Martinho, diretor da Abracopel, afirma que as 674 mortes por acidentes envolvendo choques elétricos dão uma dimensão do perigo. “Se considerar que são situações do dia a dia. Você está na rua, encosta em uma grade, em um poste e toma um choque. Isso não pode acontecer”, diz. Apenas no estado de São Paulo, foram 59 mortes, sendo 10 na região metropolitana.
Segundo Martinho, há um tipo de problema comum em grandes centros urbanos que acaba levando a isso. “Foi o que percebi em um acidente na avenida Rio Branco [região central de São Paulo], anos atrás. O pessoal tenta furtar os fios e, ao puxar, acaba rompendo o isolamento. Movimentação [dos cabos], chuva, sol, falta de manutenção também levam à perda de isolamento”, explica.
O engenheiro eletricista diz que, por precaução, as pessoas não devem encostar em partes metálicas de estruturas públicas, como postes e grades. O cuidado deve ser redobrado em períodos de chuva, como agora.
Outra dica é evitar encostar em qualquer fio solto, qualquer que seja a situação. E, se notar que alguma pessoa levou um choque, é importante ligar para a concessionária o mais rapidamente possível. Não se deve em hipótese alguma colocar as mãos na vítima.
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