MATHEUS ROCHA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Quem decidiu aproveitar os últimos dias para dar um mergulho nas praias do Rio levou um susto com a cor do mar. O tradicional azul deu lugar a um tom escuro que tem chamado a atenção dos especialistas e assustado os banhistas.
Foi esse o caso de Monique Siqueira, 34, que se surpreendeu quando foi à praia do Vidigal, na zona sul da capital, no começo desta semana.
“O mar estava muito escuro. Entrei rapidinho, só para molhar os pés, e saí, porque fiquei com medo de mergulhar. Não me lembro de ter visto o mar do Rio tão escuro assim”, disse ela. “Fiquei até com medo de ter alguma alergia.”
Segundo nota técnica elaborada por pesquisadores da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), a mudança de coloração é causada pela proliferação de microalgas marinhas, cujos pigmentos podem alterar a cor da água. O texto diz ainda que satélites registram o fenômeno desde o começo de novembro.
Professora da faculdade de oceanografia da UERJ, Gleyci Moser diz que a floração de algas ocorre no mundo todo e está associada a altas temperaturas ou ao despejo de esgoto nos mares. No entanto, a abrangência desse fenômeno surpreende.
“Temos registro não só no Rio, mas em cidades como Cabo Frio e Saquarema”, diz ela. “Essa distribuição geográfica chama a atenção.”
A pesquisadora diz que análises feitas até sexta (10) indicam que não havia a presença de algas tóxicas. “Isso está em avaliação ainda. Por isso, é essencial que haja monitoramento”, afirmou.
O biólogo Mario Moscatelli faz uma avaliação parecida. Ele diz que, embora torne a água do mar pouco convidativa, a floração de microalgas não costuma representar perigo à saúde humana. “A princípio, não há motivo para pânico. Mas é sempre bom saber dos órgãos ambientais se há ou não perigo.”
O especialista afirma que a duração desse fenômeno surpreende. “O que se observa normalmente é que a duração dessas florações não é tão duradoura”, diz ele, acrescentando que resta saber por que o fenômeno está durando tanto tempo. “Talvez correntes estejam trazendo nutrientes, mas de uma forma que eu não lembro ter acontecido nos últimos 20 anos.”
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas não teve resposta até o momento.
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