SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Carlos, no interior de São Paulo, onde estudantes de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro) ficaram nus e exibiram o pênis durante uma competição, afirma que apura a existência de uma “cartilha” de humilhações em vigor há anos e mantida por veteranos do curso.
A “cartilha” seria uma espécie de código de conduta para os novatos, que receberiam apelidos vexatórios e teriam de se submeter a ordens como usar calcinha ou cueca por cima da roupa e correr nus em eventos, sob pena de sofrer bullying e outros tipos de perseguição.
João Fernando Baptista, delegado titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São Carlos, que conduz a investigação, diz disse que soube informalmente da existência da cartilha. “Sabendo como funciona a universidade em si, a cultura, minha ideia é ouvir tanto os calouros como os veteranos para saber se é uma prática recorrente”, afirma.
Procurada por email, a Unisa não respondeu sobre a investigação em curso nem sobre a cartilha.
O delegado diz querer saber se os estudantes foram coagidos a praticar os atos obscenos.
“Coação não necessariamente física, mas alguma coação psicológica, uma ameaça de reprimenda, como bullying ou isolamento”, disse.
Baptista afirma que a polícia tem tido dificuldades para identificar os envolvidos no episódio, uma vez que as imagens que viralizaram são de baixa qualidade.
“Ainda não foi possível fazer nenhuma identificação. A gente vê que o vídeo foi compactado para ser postado na rede social, e quando ele é compactado ele perde a qualidade. Estamos tentando identificar os autores das filmagens para ver se eles têm os originais para auxiliar na identificação”, diz.
Seis alunos envolvidos no caso foram expulsos pela Unisa na segunda (18). Na terça (19) a universidade disse que outros estudantes foram desligados, mas não informou quantos.
Os alunos da Unisa estariam assistindo a um jogo de uma equipe feminina de vôlei da universidade contra o Centro Universitário São Camilo quando tiraram a roupa. Nas redes sociais há comentários de que os estudantes estariam simulando uma “masturbação coletiva”. Na ocasião, alunos e alunas do curso de medicina do São Camilo também ficaram nus, exibindo as nádegas para o público.
O delegado afirma que a investigação conseguiu encontrar alunos das duas instituições, sem ligação com os vídeos, que foram ouvidos. “Entrevistamos alguns indivíduos de maneira informal. Pelo que falaram, parece que foi uma troca de provocação entre os alunos, provocação de torcidas”, afirmou.
Baptista afirma que, se a investigação apontar que os gestos foram direcionados para as jogadoras que estavam na quadra, o crime a ser apurado muda de ato obsceno para importunação sexual, de maior gravidade.
De acordo com o delegado, primeiro serão ouvidas as supostas vítimas, e depois os autores, e o processo deve ter “muito prazo”. “Vai ser uma investigação bem demorada. Até porque não temos só este caso para trabalhar.”
O delegado, que inicialmente disse que viria para São Paulo ainda nesta semana para se reunir com as universidades, afirmou que virá somente na semana que vem. O objetivo, diz, será encontrar as jogadoras que estavam em quadra.
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