JOÃO PEDRO PITOMBO E LEONARDO VIECELI
SALVADOR, BA, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Pelo menos 16 pessoas morreram após as fortes chuvas que atingiram o estado do Rio de Janeiro desde a última quinta-feira (31).
Sete delas, da mesma família, foram vítimas de um deslizamento em Paraty (a 240 km da capital). Outras oito mortes foram registradas em Angra dos Reis (a 156 km do Rio) e uma em Mesquita, na região metropolitana.
Trabalhos de limpeza de vias e resgate a possíveis vítimas continuam na manhã deste domingo (3). Há relatos de desaparecidos em cidades como Angra.
Segundo a Prefeitura de Paraty, as vítimas no município foram uma mãe e seis filhos, com idades entre 2 e 17 anos. Um sétimo filho foi resgatado com vida e encaminhado para o Hospital Municipal Hugo Miranda com quadro estável. Outras quatro pessoas também teriam ficado feridas, mas sem gravidade.
A Prefeitura de Paraty disse que sete casas foram atingidas por um deslizamento na comunidade costeira da Ponta Negra na madrugada deste sábado (2). Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil foram acionadas para as ações de resgate.
O número de famílias atingidas por alagamentos ou perdas materiais com as chuvas chegou a 219 no município. Elas vivem em 22 bairros de Paraty. Há 15 famílias desalojadas e abrigadas em escolas.
Em Angra dos Reis, umas das áreas afetadas foi o bairro Monsuaba. Pelo menos seis residências foram atingidas por deslizamentos de terra, disse a prefeitura.
Segundo a administração municipal, oito mortes foram registradas na localidade até a manhã deste domingo. As vítimas foram quatro crianças e quatro adultos.
A Defesa Civil foi acionada, e as equipes resgataram cinco pessoas em Monsuaba. Outras três, de acordo com os relatos de parentes, estão desaparecidas.
Durante a madrugada de domingo, um novo deslizamento foi registrado pela Defesa Civil em Monsuaba, sem mais vítimas.
A Ilha Grande, que pertence a Angra, também foi castigada pelas chuvas. No local, as comunidades mais afetadas foram as de Araçatiba, Vermelha, Provetá, Abraão e Aventureiro.
Todas registraram deslizamentos de terra e blocos de pedra, diz a prefeitura. A Praia de Itaguaçu, ao lado da Praia Vermelha, foi praticamente soterrada. De acordo com relatos de moradores da região, quatro pessoas estão desaparecidas.
ANGRA TEM MÁXIMA DE CHUVA
Em Angra dos Reis, choveu em 48 horas o equivalente a 655 milímetros no continente e a 592 milímetros em Ilha Grande. Segundo a prefeitura, são índices jamais registrados anteriormente no município.
A orientação da Defesa Civil é para que as pessoas permaneçam em casa e só saiam se receberem aviso por parte das autoridades. Ao ouvir as sirenes, os moradores devem deixar suas casas e irem para o ponto de apoio mais próximo disponibilizado pela prefeitura.
Em razão dos estragos, a administração municipal decretou estado de emergência. O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), disse que a cidade havia sido preparada para enfrentar fortes chuvas, mas culpou a intensidade dos temporais pelos danos.
“A cidade estava preparada, fizemos as ações preventivas necessárias. Se tivéssemos esse volume todo de chuva, que foi o dobro do registrado em Petrópolis, e não estivéssemos preparados, o estrago teria seria muito pior”, afirmou.
Temporais já haviam causado estragos nesta sexta-feira (1º), quando a região de Ilha Grande foi uma das mais atingidas. Todos os 20 sistemas de sirenes da Defesa Civil foram acionados, e famílias desalojadas foram levadas para três escolas municipais. Neste sábado, 49 pessoas estavam em abrigos.
Deslizamentos de terra também ocasionaram obstruções na BR-101, na RJ-155 e na Estrada do Contorno, indicou a prefeitura neste domingo.
“A força-tarefa da prefeitura continua nas ruas para prestar apoio à população e liberar as vias. Uma grande quantidade de maquinário está sendo utilizada nas ações, entre retroescavadeiras, caminhões e embarcações”, afirma a administração municipal.
O outro óbito ocorreu em Mesquita, cidade da região metropolitana do Rio. Um homem morreu eletrocutado na região central da cidade em consequência das chuvas.
OUTROS MUNICÍPIOS
A cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, permanece em estágio de alerta devido à ocorrência de chuvas intensas nas últimas horas. Outras cidades da região também sofreram danos, como Belford Roxo e São João de Meriti.
A Prefeitura de Belford Roxo afirmou que 300 moradores ficaram desalojados. Há registro de 180 pontos de alagamento na cidade. Choveu 228 milímetros em apenas duas horas, diz a prefeitura.
O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro informou que a instabilidade no clima permanece neste sábado com previsão de chuva moderada a fraca em todas as regiões do estado.
A Defesa Civil Estadual e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro disseram que “estão mobilizados, atuando para prevenir e minimizar danos causados pelas chuvas que atingem o estado”.
Desde as 18h de sexta-feira, os bombeiros foram acionados para mais de 600 ocorrências em todo estado, incluindo o salvamento de pessoas em alagamentos e inundações.
Na noite de quinta (31), a Defesa Civil do Rio de Janeiro acionou as sirenes em 35 comunidades das zonas sul, norte e oeste por causa das fortes chuvas que atingiram a capital.
A sirene alerta os moradores a adotar medidas de segurança como desligar a chave geral de energia elétrica e fechar o gás, separar documentos e remédios controlados, reunir a família e ir para um local seguro.
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