Após o GD publicar a denúncia de erro médico cometido pelos profissionais do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), o prefeito Emanuel Pinheiro determinou a apuração do caso para entender a situação da paciente Cleide Maria Gomes, 43, e tomar providências necessárias para o seu restabelecimento. A mulher passou por cirurgia no intestino e há anos está com a barriga aberta, expelindo secreções de tudo o que come. Devido ao problema, ela vive acamada e com dores, sem poder trabalhar e seguir sua vida normalmente.
Conforme nota da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), encaminhada na segunda-feira (24), foi realizada uma reunião com o corpo clínico que atendeu a paciente e narrado o seu histórico médico. A resolução foi propor a reconstrução do órgão afetado.
“Após toda a explanação sobre o histórico da paciente, a equipe que compõe a comissão investigativa do HMC decidiu entrar em contato com a paciente para fazer uma avaliação e ver a possibilidade de reconstrução do trato gastrointestinal”, afirma a nota.
Em abril de 2022, Cleide precisou realizar duas cirurgias no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) para desobstruir o intestino e conseguir viver melhor. Após o procedimento, ela acordou com dois orifícios na barriga, que nunca fecharam ou receberam uma bolsa de colostomia.
Conforme o prontuário médico, após essa cirurgia, ela desenvolveu uma fístula entérica complicada e de alto débito, complicação médica que ocorre quando há uma conexão anormal entre o intestino e outra parte do corpo ou com a superfície da pele, por onde passa uma quantidade significativa de conteúdo intestinal. Esta fístula foi tratada, incluindo tratamento com medicina hiperbárica. O débito da fístula diminuiu e por isso os médicos decidiram dar alta à paciente para que ela pudesse se recuperar nutricionalmente em casa, já que estava se alimentando bem.
Ainda conforme os médicos, após receber alta, Cleide foi encaminhada para acompanhamento na Unidade de Atenção Primária e no ambulatório de cirurgia geral do HMC, onde seria programado o possível fechamento da enterostomia.
A enterostomia é uma cirurgia que cria uma abertura entre o intestino e a parte de fora do corpo. Isso é feito para ajudar a pessoa a eliminar fezes e gases quando o intestino não está funcionando direito. A abertura, chamada de estoma, é geralmente feita na barriga, permitindo que as fezes saiam do corpo por uma bolsa especial (bolsa de ostomia) que fica presa na pele ao redor do estoma.
Essa bolsa precisa ser trocada regularmente. A assessoria de imprensa da prefeitura afirma que a paciente saiu do HMC com a bolsa de ostomia e recebeu orientação para fazer acompanhamento no Ambulatório de Ostomias do Hospital Julio Muller, onde consegue ter acesso às bolsas de ostomia.
Porém, o que a paciente afirma é que foi recomendado que a mesma tratasse em um posto de saúde, e sem a bolsa de ostomia, como afirmam os médicos.
Confira nota na íntegra:
-A pedido do prefeito Emanuel Pinheiro, foi instaurada uma comissão investigativa para entender a situação da paciente C.M.G. e tomar providências para o seu restabelecimento. Nesta segunda-feira (24) foi realizada uma reunião com o corpo clínico que atendeu a paciente, que relatou o seu histórico médico.
-Segundo o seu prontuário, a paciente passou por uma cirurgia de laparotomia (cirurgia na cavidade abdominal) em 20/08/2020 no Pronto Socorro de Várzea Grande. Ela recebeu alta, mas teve uma perda de peso significativa de 20 kg.
-Em maio de 2022, ela procurou atendimento na UPA Pascoal Ramos, onde foi internada e transferida para o Hospital Municipal de Cuiabá – HMC em 22/05/2022, passando por uma nova cirurgia em 08/06/2022. Ela recebeu alta em 14/06/2022.
-No mês seguinte, a paciente voltou ao HMC e foi submetida a uma terceira cirurgia em 08/07/2022 para desobstrução intestinal. Após essa cirurgia, ela desenvolveu uma fístula entérica complicada e de alto débito (complicação médica que ocorre quando há uma conexão anormal entre o intestino e outra parte do corpo ou com a superfície da pele, por onde passa uma quantidade significativa de conteúdo intestinal). Esta fístula foi tratada por uma equipe multiprofissional, incluindo tratamento com medicina hiperbárica. O débito da fístula diminuiu. A equipe decidiu desospitalizar a paciente para que ela pudesse se recuperar nutricionalmente em casa, já que estava se alimentando bem por via oral. Eles consideraram que o momento adequado para corrigir a fístula seria em uma fase posterior.
-Ao receber alta, Cleide foi encaminhada para acompanhamento na Unidade de Atenção Primária e no ambulatório de cirurgia geral do HMC, onde seria programado o possível fechamento da enterostomia. Uma enterostomia é uma cirurgia que cria uma abertura entre o intestino e a parte de fora do corpo. Isso é feito para ajudar a pessoa a eliminar fezes e gases quando o intestino não está funcionando direito. A abertura, chamada de estoma, é geralmente feita na barriga. Essa abertura permite que as fezes saiam do corpo através de uma bolsa especial (bolsa de ostomia) que fica presa na pele ao redor do estoma. Essa bolsa precisa ser trocada regularmente. Importante ressaltar que a paciente saiu do HMC com a bolsa de ostomia e recebeu orientação para fazer acompanhamento no Ambulatório de Ostomias do Hospital Julio Muller, onde consegue ter acesso às bolsas de ostomia.
-O ambulatório de cirurgia geral do HMC atendeu a paciente e emitiu a Autorização de Internação Hospitalar – AIH para a realização do procedimento, que foi aprovada pela Central de Regulação em 15/04/2024, para ser realizado no antigo Pronto Socorro. Tentaram entrar em contato com a paciente várias vezes por telefone nos dias 10/05/24, 13/05/24 e 14/05/24, mas não tiveram sucesso. A AIH tem o código 526048601.
-Após toda a explanação sobre o histórico da paciente, a equipe que compõe a comissão investigativa do HMC decidiu entrar em contato com a paciente para fazer uma avaliação e ver a possibilidade de reconstrução do trato gastrointestinal.
-É importante salientar que o HMC e a equipe multiprofissional não mediram esforços para a recuperação da paciente. Segundo os médicos, apesar da imagem desconfortável, as aberturas do abdômen da paciente apresentam um bom aspecto, sem lesões ou infecções, o que demonstra que a paciente utiliza a bolsa de ostomia normalmente, caso contrário existiria uma grande ferida no entorno das aberturas.
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