Câmeras de segurança flagraram o deputado estadual Amauri Ribeiro (Patriota-GO) no momento em que agrediu, com murros, um desafeto político, em Piracanjuba, no sul de Goiás, a 90 km da capital goiana, na quarta-feira (9/12). A Polícia Civil de Goiás (PCGO) investiga o caso.
Vídeos registraram a briga do deputado bolsonarista com o ex-candidato a prefeito de Piracanjuba Cláudio Chaves Moreira, popularmente chamado de Cláudio Grilo, segundo o qual o parlamentar estava armado. Críticas do ex-candidato ao mandato do parlamentar teria motivado a briga.
“Deu murro na minha cara. Saiu sangue”, disse Cláudio Grilo, em entrevista ao Metrópoles, logo após sair da delegacia, onde fez boletim de ocorrência contra o parlamentar.
“Chapéu na cabeça”
Conhecido pelo seu chapéu na cabeça, adotado como marca, Amauri Ribeiro passou na rua em uma caminhonete branca logo após Cláudio Grilo sair de uma loja de materiais de construção em direção ao seu veículo, de cor preta, que estava estacionado na via, segundo as imagens.
O vídeo também mostra que, em seguida, o parlamentar estaciona o seu veículo em frente à mesma loja e, exatamente 30 segundos depois, vai até a caminhonete de Cláudio Grilo e abre a porta do motorista para tirar satisfação com ele.
VEJA VÍDEO:
“Muito brabão”
O Metrópoles não obteve retorno do deputado, mas Cláudio Grilo disse que o criticou porque o parlamentar “teve divulgação dizendo que fez emendas para repasses de milhões ao município”, o que, segundo o ex-candidato, “é mentira”.
“Ele falou: o senhor é muito brabão [sic], por telefone. Então, agora, fala na minha cara. Foi por causa de uma emenda que ele disse ter trabalhado para o município, mas não tinha chegado nenhum recurso para a cidade através dele. Então, falei que era mentira”, contou.
“Saiu sangue no rosto”
De acordo com Cláudio Grilo, o parlamentar partiu para a agressão logo após levar as mãos no lado direito da cintura, supostamente para segurar algum objeto, que, conforme suspeita de Cláudio Grilo, seria uma arma de fogo. Em seguida, seguiu para a violência física.
“Nessa hora, ele [Amauri Ribeiro] deu um murro na minha cara, perto da testa. Saiu sangue no meu rosto”, afirmou Cláudio Grilo. Ele continuou sentado no banco do motorista, enquanto Amauri Ribeiro estava em pé, do lado de fora, com a porta do veículo aberta.
As imagens de câmeras de segurança mostram que o ex-candidato a prefeito reagiu, e os dois continuaram trocando agressões e bate-boca por mais 50 segundos, até o deputado voltar para sua caminhonete.
“Covarde”
Outra câmera de segurança gravou os momentos seguintes. As imagens mostram que Cláudio Grilo parou na rua, poucos metros à frente, em seu veículo, poucos metros depois de passar pela caminhonete do deputado. Em seguida, o parlamentar desce para tirar satisfação, mais uma vez.
“Eu parei e falei que ele [Amauri Ribeiro] é acostumado a bater em mulher e também disse ‘você é covarde’. Ele acha que é mais homem do que os outros”, afirmou Cláudio Grilo.
Os dois só não seguiram para nova agressão física porque um homem interveio e apaziguou a os ânimos exaltados.
A pessoas próximas, o parlamentar disse que vai entrar com ação no Judiciário contra Cláudio Grilo pelo crime de tentativa de homicídio e por supostas ofensas nas redes sociais. O parlamentar alegou que o ex-candidato a prefeito tentou passar com a caminhonete sobre ele.
A Polícia Civil deverá ouvir o deputado e testemunhas, além de juntar os vídeos de câmeras de segurança ao inquérito. Ainda não há data para serem realizadas as oitivas.
Histórico de controvérsias
Envolvido em controvérsias desde que era apenas um anônimo comerciante em Piracanjuba, município com 25 mil habitantes, Amauri Ribeiro acumula em sua biografia episódios polêmicos. Quando ainda era prefeito da cidade, em 2015, ganhou notoriedade após aplicar uma severa surra na filha que teve imagens vazadas nas redes sociais.
Na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), ele assumiu o mandato com a sua esposa sentada em sua perna esquerda, em 2019. Amauri Ribeiro é um defensor declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em agosto de 2021, o deputado fez um discurso na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) em tom intimidatório contra a vereadora de Goiânia, Luciula do Recanto (PSD), fundadora da ONG Recanto Anjos Peludos.
Na época, o parlamentar declarou: “Fico puto quando vejo uma vereadora, igual essa aí de Goiânia que se diz protetora de animais, arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela podia e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara. Quem invade o que não é seu, não merece nem viver”, disse Amauri. A Polícia Civil também investiga a ameaça.
“Boneca”
Em dezembro do ano passado, Amauri também precisou ser contido por seguranças da Assembleia Legislativa de Goiás depois de desentendimento com o deputado Major Araújo (PSL). A briga dos parlamentares ganhou projeções maiores quando Araújo se referiu a Ribeiro como “boneca” durante discussão sobre a votação da PEC do ICMS. No dia, a sessão precisou ser encerrada.
O Metrópoles ligou para o celular e para o gabinete do deputado, mas não conseguiu falar com ele até o momento em que publicou esta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
METRÓPOLES