A redução da superfície de água no Pantanal tem intensificado os incêndios florestais, agravando o impacto das queimadas no bioma, que nos últimos anos enfrenta uma nova realidade marcada por cheias menores e períodos de seca mais prolongados. De acordo com dados sobre a superfície de água e áreas alagadas, entre 1985 e 2023, último ano analisado, o bioma tem mostrado uma redução nas áreas alagadas e períodos mais longos de seca.
Essas informações foram divulgadas nesta terça-feira (12) pelo MapBiomas, em comemoração ao Dia do Pantanal. O estudo aponta que, em 2023, a área alagada foi 38% menor do que em 2018, totalizando apenas 3,3 milhões de hectares. Comparada à média histórica de 1985 a 2023, a redução na superfície de água em 2023 foi de 61%.
O estudo ainda destaca que as mudanças no padrão de cheias e secas afetam diretamente a ocorrência de queimadas. Após a cheia de 2018, observou-se um aumento na frequência de incêndios nas margens do rio Paraguai. Entre 2019 e 2023, o fogo tem atingido regiões que, no início da série histórica (1985-1990), eram permanentemente alagadas e agora enfrentam secas prolongadas. Nesse período, 5,8 milhões de hectares foram queimados, sendo as áreas mais atingidas justamente aquelas que antes permaneciam alagadas ao redor do Rio Paraguai.
“A frequência elevada de incêndios no bioma está associada à predominância de vegetação campestre, à alta incidência de variações no regime de inundação da planície e a períodos de seca prolongados”, explica Mariana Dias da equipe do bioma Pantanal no MapBiomas.
Composto por patamares, serras, chapadas e depressões, o planalto da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) integra os biomas do Cerrado e da Amazônia e desempenha um papel fundamental na hidrologia da planície pantaneira. Todos os rios da região nascem no planalto e fluem em direção à planície, até alcançarem o Rio Paraguai. O pulso de inundação da planície pantaneira depende diretamente do fluxo de água proveniente do planalto. A dinâmica da cobertura vegetal e os tipos de uso da terra no planalto da BAP afetam diretamente a planície do Pantanal.
“O Pantanal já experimentou períodos secos prolongados, como nas décadas de 1960 a 1970, mas atualmente outra realidade, de uso agropecuário intensivo e de substituição de vegetação natural por áreas de pastagem e agricultura, principalmente no planalto da BAP, altera a dinâmica da água na bacia hidrográfica”, explica Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas.
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