SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais de 80% das convenções coletivas de trabalho negociadas até agosto deste ano renderam reajuste salarial acima da inflação para os trabalhadores, segundo o relatório trimestral de inflação apresentado pelo Banco Central nesta quinta-feira (26).
“Os reajustes salariais nominais coletados das Convenções Coletivas de Trabalho ficaram, em média, em 4,6% em agosto, relativamente estáveis em patamar próximo a 5% desde a segunda metade do ano passado”, diz a autoridade monetária.
Segundo o boletim, a massa salarial também vem crescendo e o desemprego se mantém em baixa, com índice de 6,9% no último trimestre terminado em julho, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e próximo da mínima histórica, de 6,7%, registrada em alguns meses de 2014.
A atividade econômica aquecida, com mercado de trabalho em plena atividade positiva, pressiona a inflação, mas eleva o PIB (Produto Interno Bruto), cuja projeção de alta subiu de 2,3% para 3,2% neste ano. Os dados das negociações salarias estão em consonância com o boletim Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica).
O BC diz que os salários reais de admissão cresceram pelo quinto trimestre consecutivo e aceleraram para 0,7% no trimestre terminado em julho, ante 0,4% no encerrado em abril, de acordo com informações do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Na comparação anual, houve aumento real de 1,9%.
“Convenções coletivas de trabalho rodando próximo de 5%. Salário de admissão retirado do Caged e um rendimento médio real do trabalho retirado da Pnad mostrando que já voltou para a tendência pré-pandemia”, disse Diogo Abry Guillen, direto de política econômica do BC.
“Você vê um mercado de trabalho dinâmico, de modo geral”, afirmou.
Segundo os registros do Novo Caged, foram gerados em média 140 mil empregos por mês no trimestre encerrado em julho, ante cerca de 200 mil no trimestre anterior. O resultado foi influenciado pelas enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul, onde o saldo de empregos foi negativo em maio e em junho, diz o BC.
Mesmo com esse pequeno recuo, a geração líquida de empregos -número que considera contratações e demissões- atingiu 1,5 milhão no acumulado do ano até julho, “superando o observado no mesmo período do ano passado e apenas cem mil postos abaixo do verificado entre janeiro e julho de 2022”, segundo o relatório.
Em 2022, o país fechou o ano com a geração líquida de 2 milhões de empregos.
“A expansão tem sido generalizada entre as atividades, com destaque para a indústria de transformação – cuja produção também tem crescido em 2024- e para o segmento de atividades administrativas e serviços complementares, associado à prestação de serviços a empresas”, afirma a instituição.
“A participação dos desligamentos voluntários no total de desligamentos segue em nível historicamente elevado, 36,5%, também sinalizando o aquecimento do mercado de trabalho”, diz ainda o estudo.
O BC trouxe também um complementação do relatório, com projeções futuras para o mercado de trabalho que mostram “recuo surpreendente” do desemprego, diminuição da ociosidade com melhor subutilização da força de trabalho, crescimento de empregos formais e maior facilidade de encontrar boas oportunidades de emprego, com elevação da taxa de rotatividade.
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