BEATRIZ VILANOVA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há 20 anos, Claudia Leitte, 41, estreava sua carreira na música como vocalista da banda Babado Novo, na qual seguiria até 2008, quando decidiu se tornar artista solo e iniciou uma trajetória para se consagrar como “princesa do axé”.
O caminho foi permeado de pontos altos: Claudia cantou para plateias de milhões de pessoas, lançou seis discos e 15 turnês, e chegou a se apresentar na abertura da Copa do Mundo no Brasil em 2014, com o rapper Pitbull e a cantora Jennifer Lopez. Para comemorar essa trajetória de duas décadas, ela prepara para o segundo semestre deste ano um novo disco, ainda sem nome definido.
“Fico até emocionada em falar disso”, conta ela em entrevista ao F5. “Estou fazendo 20 anos de carreira, então esse álbum tem músicas muito enérgicas, muito alegres. Tem músicas com letras mais reflexivas, músicas para ir até o chão. É um disco muito pop, com uma linguagem sonora moderna, mas que preserva a alegria e mistura do Carnaval, que é algo da minha personalidade”.
A cantora afirma que essa “nova era” é repleta de mensagens positivas, mudanças físicas e até novas referências. “Tem muita gente que continua permeando meus sonhos e me inspirando, mas estou vivendo um momento meio Lady Gaga, muito ‘monster’. Minha filha está apaixonada por ela, e eu sempre a amei, desde o comecinho da carreira. Acho ela uma mulher com um discurso incrível e uma cantora fora de série”.
Sua mudança é perceptível até na cor do cabelo: Claudia, que se lançou loira desde o início da carreira e surgiu com os cabelos castanhos em alguns momentos, inovou ao ficar ruiva pela primeira vez em fevereiro deste ano.
“Mulher é assim: quando mexemos no cabelo ou fazemos uma transformação no visual, é uma mudança de dentro para fora. Eu quis ficar ruiva, escolhi a tom do meu cabelo; queria ficar meio Pequena Sereia, meio Ariel”, brinca.
Em sua nova música, “De Passagem”, a cantora chega a citar o elemento da sereia ao cantar que “Eu posso ser sereia / Aprendi desde cedo a não cair na rede / A ir na contramão”.
A música é a primeira faixa de seu novo álbum de estúdio e o pontapé da retrospectiva de 20 anos de carreira da cantora, projeto que se prolongará por todo o ano. A letra fala sobre suas origens na cidade de Salvador, gratidão à vida e o desejo de se manter em um lugar de paz.
“Saúde mental tem a ver com fé”, explica a cantora. “Se temos um design, é preciso um designer. Se temos uma criação, é preciso um criador. Se temos um filho, temos mamãe. Então existe Deus. Ele está dentro da gente, e se conectar com ele é muito importante para ter equilíbrio. Isso tudo começa dentro da gente, e é o que nos dá esperança”.
Ela também explica a capa do single, que traz seu rosto em forma de um avatar futurista: “Estou trazendo uma mensagem de um futuro que eu acredito que existe. Por isso, essa capa é bem futurista, praticamente como um avatar, e a música é muito sobre isso -eu não vou estar aqui daqui a muitos anos, mas minha música vai ficar”.
Sua filha mais nova, Bela, 2, inclusive faz uma “mini participação” nos versos finais da música, com um canto. “Meu marido e eu estamos nos virando literalmente sozinhos nesse tempo todo de pandemia, e a participação da Bela foi algo que surgiu. Foi espontâneo, uma forma muito natural que aconteceu”.
PRIMEIRA BRASILEIRA A CANTAR NA DISNEY
Outra novidade que Claudia comemora este ano é a sua apresentação no Walt Disney World, em Orlando, nos dias 24 e 25 de abril, com músicas suas e releituras de outras canções brasileiras. Ela explica que os shows já estavam planejados para acontecer antes da pandemia e foram viabilizados através de uma parceria entre seus representantes e a Roc Nation, agência fundada por Jay-Z.
“Tem sido muito legal ver como a Disney trabalha. Eu fui uma adolescente que sonhava ir para a Disney, e meus sonhos estão conectados com aquele universo, que é muito inspirador, rico e lindo. É uma honra e ao mesmo tempo uma lição diária, porque eles têm uma organização impecável”, diz Claudia.
A cantora diz que seu trio elétrico já está nos Estados Unidos e o descreve como “uma invenção genuinamente baiana” da qual tem orgulho. Depois da apresentação, de volta ao Brasil, ela quer retomar os shows com uma turnê para celebrar junto com os fãs.
“Música é sobre gente; faço música para tocar alguém. Eu não imaginava que teria aquele tanto de gente [em meu show] em Copacabana, não imaginava que ia tocar na Copa do Mundo, não imaginava que ia cantar na Disney. São coisas que aconteceram comigo porque eu fiz um bocado de coisas erradas e certas, mas tinha gente torcendo por mim. Tinha horas em que eu pensava em cair, me jogar no chão, e alguém dizia: ‘Você vai conseguir'”.
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