Faltando 100 dias para o início da Copa do Mundo, organizações não governamentais (ONGs) aumentaram nesta sexta-feira as cobranças junto à Fifa e ao Catar por conta dos supostos abusos sofridos pelos trabalhadores que atuaram nas obras dos estádios e de infraestrutura do país para receber o Mundial, no fim do ano.
Uma das ONGs internacionais mais ativas em defesa destes operários, a Human Rights Watch pediu compensações aos trabalhadores imigrantes e suas famílias. A organização cobrou a criação de um “programa de reparação abrangente para trabalhadores que sofreram danos graves, incluindo mortes, ferimentos e roubo de salário” enquanto atuaram em projetos ligados à Copa do Mundo, como estádios, hotéis e transporte.
O Catar gastou dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura desde que foi
escolhido pela Fifa para ser sede desta Copa, ainda no ano de 2010, e enfrentou intenso escrutínio relacionados as suas leis trabalhistas e ao tratamento que centenas de milhares de trabalhadores estariam recebendo ao longo das obras. Muitos deles vieram de outros países, a maior da Ásia.
“O Catar indenizou alguns trabalhadores migrantes que enfrentaram graves abusos últimos anos, mas, para muitos, esses programas foram criados tarde demais e ainda são um grande trabalho em funcionamento”, criticou Michael Page, vice-diretor da Human Rights Watch para o Oriente Médio.
De acordo com a ONG, desde 2010, o nível de “casos de abusos de direitos humanos sem a devida compensação é significante”. Um fundo criado para dar suporte aos operários pagou, desde 2020, US$ 164 milhões (cerca de R$ 383 milhões) em compensação para 36.373 trabalhadores de 17 países, de acordo com a entidade, citando números do Ministério do Trabalho do Catar.
A Human Rights Watch não apresentou um valor preciso para uma compensação adequada por parte das autoridades do país. Mas a Anistia Internacional sugeriu que a Fifa pagasse US$ 440 milhões (R$ 2,2 bilhões) em reparações aos trabalhadores. O valor equivale ao que será pago em premiação às 32 seleções participantes do Mundial.
A Fifa, por sua vez, reiterou diversas vezes nos últimos anos que a Copa do Mundo estava servindo como “catalisador” da modernização das leis e da sociedade do Catar. O país, por sua vez, respondeu à Anistia Internacional para apontar “melhorias significativas” nas condições de trabalho, incluindo acomodações mais adequadas, regras de saúde e segurança, plano de saúde, entre outros.
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