FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini, presas injustamente na Alemanha, em 2023, ao terem a identificação de bagagens trocadas no aeroporto de Guarulhos, afirmam que tiveram a entrada barrada nos Estados Unidos e os vistos norte-americanos cancelados. Elas descobriram a situação ao tentar embarcar para o país no aeroporto de Guarulhos nesta terça-feira (19).
Elas usaram o Instagram para contar sobre o novo transtorno.
“Deixa eu contar para vocês mais uma vez o que aconteceu. Em função da prisão injusta, mais uma vez somos vítimas, e os Estados Unidos cancelaram os nossos vistos”, afirmou Kátyna Baía.
Segundo ela, o caso gerou mais uma frustração.
“Para vocês terem uma ideia nós estamos aqui nos recuperando, planejando as nossas viagens, retomando as nossas vidas, curando as cicatrizes, que são várias camadas que foram afetadas. Pagamos tudo, deixamos tudo organizado há mais de seis meses, e mais uma vez uma frustração em função da vulnerabilidade e da baixa segurança no aeroporto de Guarulhos”, declarou Kátyna.
Jeanne Paolini reclamou das consequências das prisões injustas mesmo após quase dois anos.
“Já tem quase dois anos que nós fomos presas na Alemanha devido ao golpe da mala. Devido à falta de segurança no despacho de bagagem no aeroporto de Guarulhos”, afirmou.
O aeroporto foi procurado, mas não houve resposta até esta publicação.
O Consulado dos Estados Unidos também foi procurado pela Folha de S.Paulo, mas não enviou posicionamento.
Kátyna e Jeanne formam um casal e foram presas em Frankfurt, na Alemanha, em março de 2023, depois de terem a identificação das malas trocadas no aeroporto de Guarulhos. As etiquetas foram colocadas em bagagens que continham 40 kg de cocaína. As duas permaneceram presas por 38 dias até serem liberadas após a comprovação de que eram inocentes.
O caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu suspeitos de participarem do esquema que troca etiquetas de bagagens para enviar drogas ao exterior.
A 6ª Vara Federal de Guarulhos condenou no mês de agosto seis pessoas envolvidas no esquema de troca de etiquetas de bagagens no aeroporto de Guarulhos, para conseguir enviar drogas para o exterior. Cabe recurso. Os condenados pelo crime são cinco homens e uma mulher.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), os dois principais líderes do grupo receberam as penas mais altas, de 39 anos e 8 meses e de 26 anos e 3 meses de prisão.
Conforme a investigação, esses dois homens eram responsáveis pela aquisição da droga que seria enviada à Europa, aliciavam outros criminosos, realizavam pagamentos e cediam celulares para comunicação no interior do aeroporto.
“Ambos têm longa trajetória em atividades ilícitas e mantinham vínculos com facções criminosas”, afirma o MPF.
Os demais réus, conforme a Procuradoria, também exerciam funções de comando. Atuavam na logística para a remessa da droga ao exterior, coordenando e supervisionando desde a chegada da carga ao aeroporto até sua acomodação nas aeronaves. As penas variam de 7 anos a 16 anos e 4 meses de prisão.
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