SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESs) – Terceiro colocado nas eleições da Nigéria, Peter Obi, 61, quebrou o silêncio desde a derrota nas urnas e afirmou nesta quinta (2) que contestará o resultado na Justiça. “Nós ganhamos e vamos provar isso.”
Obi, ex-governador de Anambra e candidato pelo Partido Trabalhista, falava a jornalistas no hotel em que está hospedado na capital, Abuja, quatro dias após as eleições, realizadas no último sábado (25).
O instituto eleitoral declarou o candidato governista Bola Tinubu, 70, o vencedor, em anúncio realizado nesta quarta-feira (1º). Resultados oficiais mostram Tinubu com 37% dos votos nacionais -na sequência estão o opositor Atiku Abubakar (29%) e Obi (25%).
Obi não apresentou evidências dos motivos que tem para alegar que houve fraude eleitoral. Mas, de acordo com pronunciamentos anteriores de seu partido, a justificativa parece ser a demora do órgão eleitoral para divulgar os resultados oficiais do pleito.
“O povo trabalhador da Nigéria foi novamente roubado por nossos supostos líderes”, disse Obi. “Peço a todos que permaneçam pacíficos, cumpridores da lei e se comportem de maneira responsável.”
Em um país onde a violência só escala, analistas já temiam que possíveis acusações de fraude -sejam elas com fundamentos ou não- despertassem ainda mais episódios de conflito no país mais populoso da África e o sexto mais populoso do mundo.
Obi tem, de acordo com a lei eleitoral nigeriana, 21 dias a partir do dia da eleição para contestar o resultado nos mais altos tribunais do país.
Com um histórico de ampla abstenção, os partidos políticos fiavam à introdução do Bvas, sistema de biometria digital, a esperança de que os índices de participação fossem maiores, o que não aconteceu. Somente 29% dos mais de 87 milhões de eleitores compareceram às urnas.
Houve ainda um problema no momento de disponibilizar os resultados online, tarefa que, em teoria, seria agilizada pelo novo sistema. Uma das hipóteses é de que a dificuldade de conexão à internet em algumas regiões do país atrasou o processo.
Ainda assim, nunca na história democrática do país, que despediu-se de uma ditadura em 1999, o mapa eleitoral se mostrou tão colorido: votos somados, o resultado revela que cada um dos três principais candidatos obteve a maior parte dos votos em 12 dos 36 estados.
A Nigéria tem uma longa história de violência política, embora o clima esteja calmo após a divulgação dos resultados nestas eleições. Tinubu, o candidato vencedor, disse nesta quarta-feira que a eleição foi legítima e que os problemas relatados não impactaram no resultado geral.
Eleito duas vezes governador de Lagos na virada dos anos 2000, ele ficou conhecido por ter aumentado as receitas do estado, onde está a cidade homônima e capital econômica da nação. Ele também conseguiu reduzir a taxa de crimes violentos, desafogar o trânsito e limpar as ruas.
Apoiadores esperam que ele replique o êxito, agora em nível nacional, em meio a um contexto de violência generalizada e desemprego nas alturas, coroado por uma desordenada iniciativa para atualizar as cédulas da moeda local, processo que gerou escassez de papel-moeda.
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