SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A guerra na Ucrânia entrou na quarta semana nesta quinta-feira (17) com anunciados progressos nas negociações com a Rússia, que seguiram ao longo do dia de forma virtual, mas sem o cessar dos bombardeios em áreas civis das maiores cidades do país.
Em Kiev, a capital, uma pessoa morreu e três ficaram feridas após restos de um míssil russo abatido caírem em um prédio residencial, destruindo dois apartamentos, de acordo com os serviços de emergência. Cerca de 30 moradores foram retirados do local.
A guerra na Ucrânia entrou na quarta semana nesta quinta-feira (17) com anunciados progressos nas negociações com a Rússia, que seguiram ao longo do dia de forma virtual, mas sem o cessar dos bombardeios em áreas civis das maiores cidades do país.
Em Kiev, a capital, uma pessoa morreu e três ficaram feridas após restos de um míssil russo abatido caírem em um prédio residencial, destruindo dois apartamentos, de acordo com os serviços de emergência. Cerca de 30 moradores foram retirados do local.
De acordo com a ONG Human Rights Watch (HRW), o edifício tinha ao menos 500 deslocados internos do conflito. Imagens de satélite distribuídas pela empresa americana Maxar, coletadas ainda nesta semana, mostram a palavra “crianças” desenhada em cirílico no pátio do local.
A HRW disse que, como a confirmação das informações de forma independente é difícil devido às condições locais, não é possível descartar a possibilidade de que ali também houvesse um alvo militar. Ainda assim, a pesquisadora-sênior Belkis Wille afirmou que o episódio levanta “sérias preocupações” sobre qual era o alvo pretendido em uma cidade onde civis já estão sitiados há dias e serviços de comunicação, energia, água e aquecimento foram quase completamente cortados.
O deputado ucraniano Dmitro Gurin, cujos pais estão em Mariupol, disse à rede britânica BBC que o prédio está destruído, mas que informações sugerem que o abrigo antiaéreo pode ter sido mantido intacto, de modo que aqueles que ali se refugiaram teriam sobrevivido. O governo local não divulgou números de vítimas.
Em Tchernihiv, ataques russos teriam matado 53 pessoas nas últimas 24 horas, segundo o governador -ainda que o número não possa ser comprovado de forma independente, um deles foi reconhecido pelos EUA como cidadão americano. Segundo a agência de direitos humanos da ONU, 780 civis já morreram na Ucrânia, e 1.252 ficaram feridos.
Embora os bombardeios tenham se mantido, o Ministério da Defesa do Reino Unido, em relatório da inteligência divulgado durante a madrugada, disse que a invasão militar russa está estagnada em todas as frentes. As forças de Moscou fizeram progressos mínimos por terra, mar e ar nos últimos dias e continuam a sofrer perdas, segundo o documento.
O governo russo informou que negociações com Kiev, outrora presenciais na Belarus, seguiram de forma virtual ao longo do dia. As manifestações mais otimistas até aqui foram feitas na quarta, quando a chancelaria russa sinalizou que um acordo sobre a neutralidade da Ucrânia em relação à Otan, uma das demandas principais de Putin, estaria na esteira.
Do lado ucraniano, em videoconferência com deputados europeus, o ministro da Defesa Oleksii Reznikov disse nesta quinta que as negociações avançaram e que há textos de acordos escritos por advogados dos dois lados em estudo. Para que os documentos sejam avaliados, porém, a condição de Kiev é de que Moscou aceite um cessar-fogo, segundo ele.
Um assessor de Zelenski reforçou que a posição de defesa das fronteiras do país estabelecidas em 1991, quando a Ucrânia conquistou sua independência, após o fim da União Soviética, não foi alterada. “Nunca vamos desistir de nossos interesses nacionais”, disse Oleksi Arestovish.
A declaração importa, em especial, porque as áreas da Crimeia, anexada pela Rússia há oito anos, e das autoproclamadas repúblicas separatistas do Donbass, recentemente reconhecidas por Moscou, faziam parte do território ucraniano na década de 1990 . Putin estabeleceu o reconhecimento da independência dessas regiões como uma das condições para encerrar a guerra.
Ainda no front diplomático, o presidente Volodimir Zelenski deu seguimento a seus discursos a congressistas estrangeiros para angariar apoio a Kiev. Desta vez, falou ao Bundestag, o Parlamento da Alemanha, e seguiu fórmula semelhante à adotada na véspera, quando discursou para os legisladores americanos: evocando a história.
Falando sobre a queda do Muro de Berlim, em 1989, Zelenski pediu ao premiê alemão, Olaf Scholz, que derrube o “muro entre a paz e o conflito na Europa e pare a guerra na Ucrânia”.
“Dê à Alemanha o papel de liderança que ela conquistou para que seus descendentes se orgulhem de você”, acrescentou o líder ucraniano, que, na quarta (16), mandou recado semelhante para Joe Biden.
Zelenski disse, ainda, que a Alemanha agiu tarde demais para impedir que a guerra tivesse início. “Por que ‘nunca mais’ não se aplica? Qual é a responsabilidade histórica da Alemanha para com a Ucrânia hoje?”, questionou o líder, referindo-se ao passado histórico que une os dois países -a Ucrânia foi ocupada pela Alemanha nazista e registrou, em seu território, episódios marcantes do Holocausto.
Em Washington, Biden voltou a criticar Putin com palavras duras, dizendo em evento no Capitólio que a guerra na Ucrânia tem sido liderada por um “ditador assassino e puro bandido”, sem citar o líder russo nominalmente. O americano deve conversar, nesta sexta de manhã pelo horário de Brasília, com o chinês Xi Jinping.
Na pauta, segundo o secretário de Estado Antony Blinken, o alerta de “que a China será responsável por quaisquer ações que tomar para apoiar a agressão da Rússia”.
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