SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou na última sexta-feira (12) novos nomes para grupos e subgrupos do vírus da varíola dos macacos. A iniciativa tem a finalidade de minimizar impactos negativos que a designação da doença e do vírus pode causar.
A discussão sobre o nome do vírus e da doença -chamados igualmente de “monkeypox” em inglês- ocorre na organização e fora dela. Em meados de junho, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou publicamente o desejo de alterar as denominações.
Uma primeira alteração foram as mudanças nos nomes de grupos e subgrupos do vírus com base em revisões feitas por especialistas em virologia e biologia evolutiva.
No momento, existem dois grupos documentados do patógeno. Eles são endêmicos (quando se tem um estágio de convivência com o vírus, com número estável de casos e mortes) em duas regiões da África: no oeste africano e na região central do continente. Até então, essas localidades eram utilizadas para se referir a dois clados (ou grupos) do vírus.
Agora, com a alteração da última sexta, o grupo do oeste africano passa a ser chamado de Clado I e aquele da região central do continente foi nomeado como Clado II. A mudança gera um padrão em que grupos do vírus devem ser referidos com algarismos romanos.
As mudanças também são aplicadas a dois subclaudos (ou subgrupos) do Claudo II. Nesse caso, os especialistas definiram que esses subgrupos passam a ser nomeados com uma letra minúscula alfanumérica após o algarismo romano: Clado IIa e Clado IIb.
Mudança no nome As modificações nos nomes dos grupos do vírus da varíola dos macacos ainda não se aplicam à nomeação do patógeno -ele continua sendo chamado de “monkeypox”, em inglês.
A adoção de novos nomes para doenças faz parte do guarda-chuva de responsabilidades da OMS. Segundo a organização, uma consulta para propor novos nomes à varíola dos macacos está aberta. Qualquer pessoa pode propor uma nova nomenclatura neste site.
Para vírus, novas designações são uma atribuição do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na sigla em inglês). A OMS afirma que a comissão está com um processo aberto para modificar a nomenclatura do vírus da varíola dos macacos.
Fontes ligadas ao ICTV dizem que há boa disposição para fazer mudanças, mas muitos apontam que uma alteração radical, com o abandono total do termo “monkeypox”, poderia comprometer a literatura científica que vem sendo produzida sobre esse vírus há mais de 60 anos.
Para Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp (Universidade de Campinas), as novas ferramentas da internet possibilitam uma alteração sem muitos problemas. “O preço de manter o nome ‘monkeypox’ é muito mais alto do que eventual problema com a literatura científica”, afirmou.
O termo “monkeypox” foi empregado em 1958 quando houve a primeira documentação do vírus em primatas levados da África para a Dinamarca -daí o nome varíola dos macacos. Mas pesquisas já indicam que esses animais não são os reservatórios naturais do patógeno.
Além disso, o nome pode gerar confusões ao se pensar que a principal forma de transmissão da doença no surto atual ocorreria diretamente dos animais para humanos, podendo gerar casos de ataques aos animais.
No início deste mês, cinco macacos foram achados mortos e outros três, resgatados com sinais de intoxicação. O episódio ocorreu em São José do Rio Preto, interior paulista. Suspeita-se que os animais tenham sido atacados pela população devido a casos de varíola dos macacos.
No entanto, a disseminação atual não acontece principalmente nas interações entre animais e humanos, mas sim pelo contato direto de pessoas infectadas.
O assunto repercutiu mundialmente e também chegou à OMS. Na última semana, a epidemiologista Margaret Harris, porta-voz da entidade, condenou a violência contra os animais e reiterou a intenção de encontrar um nome melhor para a doença.
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