SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou nesta sexta-feira (20) que, “até o final do ano, 12 unidades e divisões militares serão formadas no Distrito Militar do Oeste”. A decisão de aumentar a força militar na região vem no momento em que Suécia e Finlândia pediram para entrar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Finlândia tem cerca de 1.300 quilômetros de fronteira com o oeste da Rússia.
“As medidas organizacionais em curso estão sincronizadas com o fornecimento de armas e equipamentos militares modernos às tropas”, disse Shoigu em reunião do conselho militar russo. Ele também indicou que “a situação na direção estratégica ocidental é caracterizada pelo crescimento de ameaças militares perto das fronteiras russas.”
Finlândia e Suécia decidiram pedir para entrar na Otan após a Rússia invadir a Ucrânia. Nesta sexta-feira (20), a guerra russa em território ucraniano completa 86 dias.
Ao falar sobre o aumento da tensão na fronteira oeste da Rússia, o ministro disse que, “nos últimos oito anos, a intensidade dos voos de bombardeiros estratégicos dos Estados Unidos na Europa aumentou 15 vezes”. “As visitas ao Mar Báltico por navios americanos com mísseis guiados tornaram-se sistemáticas”, completou.
Mencionando as candidaturas de finlandeses e suecos -“nossos vizinhos mais próximos”, disse Shoigu- para ingressar na aliança militar, o ministro disse que “as tensões continuam a crescer na área de responsabilidade do Distrito Militar do Oeste”. “Estamos tomando as devidas contramedidas.”
Após quase três meses de luta em Mariupol, as forças russas precisam “ser reequipadas e remodeladas antes de poderem ser redistribuídas de forma eficaz”, avaliou nesta sexta-feira (20) a inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido, ressaltando que “este pode ser um processo demorado”.
Mas a cobrança por avanços que o exército russo recebe é um fator que pode jogar contra o tempo. “Os comandantes russos, no entanto, estão sob pressão para alcançar objetivos operacionais”, disse a inteligência britânica. “Isso significa que a Rússia provavelmente redistribuirá suas forças rapidamente sem preparação adequada, o que corre o risco de mais desgaste das forças.”
O Ministério da Defesa da Ucrânia ainda indica ver o leste do seu território como prioridade das forças russas neste momento.
Aliados dos ucranianos, os britânicos disseram acreditar que, após o início da rendição das forças de resistência da Ucrânia no complexo Azovstal, em Mariupol, “é provável que eles [russos] movam suas forças para reforçar as operações no Donbass”, citando a área com forças separatistas, no leste da Ucrânia. Os militares ucranianos que ainda estão em Azovstal receberam ordem para deixar de combater.
A Defesa ucraniana indicou, em seu relatório desta sexta-feira (20), que o país sofreu mais ataques das forças russas, citando ações principalmente em Lugansk e Donetsk. Ministro russo da Defesa, Shoigu declarou que considera que a Rússia conquistou quase que por completo a região de Lugansk, algo que não é mencionado, até o momento, por autoridades ucranianas.
Os ucranianos também estão atentos a movimentos na região de Kharkiv, onde está a cidade homônima, a segunda maior do país. Segundo a Defesa da Ucrânia, a Rússia “tenta contra-atacar para restaurar as posições perdidas” na região. Para isso, tem feito reconhecimento aéreo da região.
Em Kherson, no sul do país, a Ucrânia diz que “há uma alta probabilidade de continuidade das hostilidades para melhorar a situação tática e chegar à fronteira administrativa da região”. A Defesa ucraniana também citou o transporte civil ainda é bloqueado nos mares Negro e Azov.
Em relatório, o Ministério da Defesa da Rússia confirmou ataques nas regiões de Kharkiv e Kherson, e afirmou ter feito ataques contra postos de comando das forças da Ucrânia em vários pontos do país.
Ao menos três pessoas morreram após um ataque a uma escola em Sievierodonetsk, cidade da região de Lugansk, leste da Ucrânia.
Mais de 200 pessoas estavam abrigadas no local, incluindo crianças. As autoridades locais agora tentam transportá-las para outro abrigo.
Governador de Lugansk, Sergey Gaidai disse que a cidade de Rubizhne teve o mesmo “destino de Mariupol”, município portuário no sudeste ucraniano que foi destruído pelas forças russas. “Não há prédios inteiros. Muitas casas não podem ser restauradas. Os quintais são os cemitérios.”
Segundo o governador, antes da invasão russa, cerca de 60 mil pessoas viviam na cidade, que fica cerca de 715 quilômetros a leste de Kiev. De acordo com Gaidai, ainda há cidadãos vivendo em porões em meio aos ataques russos.
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