BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quinta-feira (18) que seu país está do lado da Ucrânia na guerra contra a Rússia.
“Enquanto continuamos nossos esforços para encontrar uma solução, permanecemos ao lado de nossos amigos ucranianos”, disse. A declaração, que poderia soar como a repetição de outras manifestações de apoio por parte de aliados de Kiev, chama a atenção por contrastar com os passos recentes de Erdogan -nos últimos meses, o turco vinha se aproximando de seu homólogo russo, Vladimir Putin.
Há duas semanas, por exemplo, os dois líderes estiveram juntos em Sochi, no sul da Rússia, e concordaram em fortalecer a cooperação econômica entre os dois países. A aproximação era vista com atenção e com ressalvas pelo Ocidente, e analistas previam que Ancara poderia ajudar Moscou a contornar sanções impostas como retaliação contra a guerra que está prestes a completar seis meses.
O aceno de Erdogan a Kiev ocorreu durante visita do turco a Lviv, no oeste da Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Volodimir Zelenski e com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Na reunião, a Turquia também se comprometeu a ajudar a Ucrânia a reconstruir a infraestrutura destruída durante a guerra com a Rússia, e as lideranças discutiram soluções políticas para o fim do conflito, a segurança da usina nuclear de Zaporíjia e o recente tratado para o escoamento da produção de cereais.
O acordo de reconstrução foi assinado pelo ministro do Comércio turco, Mehmet Mus, e pelo ministro da Infraestrutura ucraniano, Oleksandr Kubrakov. Os detalhes do tratado ainda não estão claros, mas as autoridades disseram que uma força-tarefa será criada para atrair investimentos, desenvolver projetos de cooperação e facilitar os trabalhos. “As estruturas empresariais e governamentais turcas poderão desenvolver projetos específicos de reconstrução, bem como prestar consultoria e assistência técnica”, disse, em comunicado, a pasta ucraniana.
Erdogan manifestou preocupação com o cenário da usina de Zaporíjia. O maior complexo nuclear da Europa foi tomado pela Rússia em março, mas ganhou centralidade na fase atual da Guerra da Ucrânia. Moscou acusa Kiev de disparar de forma imprudente contra o local, enquanto os ucranianos afirmam que as tropas invasoras provocam explosões propositais para interromper o fornecimento de energia no país.
“Estamos preocupados, não queremos outra Tchernóbil”, disse Erdogan, referindo-se ao pior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia ainda fazia parte da União Soviética.
Após o encontro com os líderes visitantes, Zelenski deu uma entrevista coletiva em que disse ter chegado a um acordo sobre os parâmetros de uma missão da Agência Internacional de Energia Atômica para inspecionar a usina de Zaporíjia. O ucraniano também voltou a pedir que a Rússia retire imediatamente suas forças do local e pare de bombardear o complexo nuclear.
Os serviços de inteligência militar de Kiev acusam Moscou de preparar uma “grande provocação” no local para esta sexta-feira (19) ao determinar que todos os civis que trabalham na usina fiquem em casa por um dia, com exceção do mínimo pessoal necessário para manter a planta em funcionamento.
Zelenski, Erdogan e Guterres ainda saudaram o sucesso de um acordo mediado pela ONU que permite a passagem de navios de três portos ucranianos do mar Negro e discutiram maneiras de aprimorar o diálogo. Segundo o líder turco, isso pode fornecer uma base para negociações sobre o fim da guerra.
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