A denúncia do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) apontou um esquema de “cafés” de quase R$ 1,7 mil pagos para fiscalização municipal liberar shows nacionais em Cuiabá. O pagamento era efetuado pelo grupo alvo da ‘Operação Ragnatela’, deflagrada em junho.
O documento indica que o valor era uma forma de o grupo de promoters, autodenominado G12, subornar agentes de fiscalização para auxiliar a liberação de shows nas casas noturnas, entre elas Dallas Bar e Strick Pub, para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
Conforme a denúncia, o investigado que efetuava os pagamentos era Rodrigo Leal, apontado como o elo entre a facção criminosa e os agentes públicos (vereadores e agentes de fiscalização) que auxiliavam na realização dos shows.
Rodrigo trabalhava como assessor parlamentar do vereador Paulo Henrique (MDB), que exerce, segundo a denúncia, influência sobre agentes públicos da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Sorp) e Defesa Civil de Cuiabá.
O parlamentar é apontado como uma espécie de facilitador. Isso porque utilizava de sua influência junto a Sorp para garantir a liberação de alvarás e licenças para a realização de shows artísticos promovidos pela organização criminosa, recebendo, para isso, vantagens financeiras de maneira direta e indireta
Na denúncia do Gaeco, consta inclusive o print da planilha de custo de gastos dos eventos, com as seguintes especificações: café PM – R$ 1.640 e café fiscalização – R$ 1.380,00.
Veja abaixo
Paulo Henrique teria cooptado o secretário adjunto da Secretária de Fiscalização para auxiliar o grupo durante as fiscalizações municipais. Assim, o servidor Benedito Alfredo selecionava os fiscais da Sorp para compor a escala de plantão nos dias em que eram realizadas as fiscalizações nos eventos, recebendo também valores financeiros por esse serviço, de forma direta e indireta.
O Gaeco anexou uma tabela demonstrativa das transferências efetuadas por Leal.
Confira
Licença para defesa
O parlamentar, que é um dos alvos da Operação Ragnatela, segue sendo investigado pela Polícia Civil pela suposta ligação com a facção criminosa, embora não tenha sido indiciado ainda nas investigações.
Em razão dos fatos envolvendo seu nome, o vereador se licenciou do mandato por 31 dias para focar na construção da tese de defesa, no entanto, o prazo encerrou na última sexta (12). O parlamentar ingressou com pedido de prorrogação para mais uma semana, no entanto, a Câmara Municipal de Cuiabá negou.
Paulo Henrique ainda é alvo da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Parlamento Municipal, que pretende apurar a conduta dele. A medida pode resultar na cassação de seu mandato, ou outras penalidades.
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