O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio Joaquim, revelou na manhã desta segunda-feira (9), em uma entrevista coletiva concedida em seu gabinete, que o Ministério Público Federal pediu o arquivamento de uma investigação feita contra ele. O inquérito era sobre a venda de uma fazenda, envolvendo o ex-governador Silval Barbosa e o empresário Wanderley Fachetti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem, e constava da delação premiada do ex-gestor estadual.
Antônio Joaquim era investigado por uma suposta lavagem de dinheiro. O conselheiro apontou, emocionado, que seu afastamento se deu por uma perseguição política orquestrada pelo ex-governador Pedro Taques e pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele apontou que a Operação Malebolge foi deflagrada duas semanas após a declaração de que pretendia disputar o Governo do Estado e apenas dois dias após seu pedido de aposentadoria.
“Foi uma operação realizada no dia 14 de setembro de 2017, quando fui atropelado por esse inquérito, onde foi decidido meu afastamento do TCE. Eu anunciei minha pré-candidatura ao Governo no dia 29 de agosto, protocolei minha aposentadoria, no dia 12 de setembro. E dois dias depois veio esse tsunami que foi uma ação claramente fruto de um conluio do procurador Rodrigo Janot com o ex-governador Pedro Taques, para impedir minha candidatura”, afirmou.
As investigações tiveram início após as delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa (MDB) e seu irmão Antônio Barbosa, que relataram a participação do conselheiro em um esquema fraudulento de compra e venda de uma fazenda efetuado com Silval e o empresário Wanderlei Fachetti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem Ltda.
Janot alegou, na ocasião, que os fatos criminosos se referiam a atos relacionados ao exercício da função e que, por conta disso, o afastamento era necessário “para evitar interferências na investigação, uma vez que ele poderiam facilmente utilizar-se do cargo para constranger servidores e recolher provas presentes no órgão”.
Conforme a delação de Silval Barbosa, em junho de 2012, a empresa Trimec Construções e Terraplanagem Ltda., administrada por Wanderley, figurou como compradora de uma fazenda de Antônio Joaquim e sua esposa. No entanto, segundo a PGR, o verdadeiro comprador do imóvel foi Silval Barbosa, à época governador, tendo Wanderley apenas sido uma espécie de “testa de ferro”.
“Esse inquérito foi uma atitude irresponsável do procurador. Ele pede meu afastamento porque criminaliza um negócio privado, de uma fazenda que vendi cinco anos antes, declarada em imposto de renda, com valores recebidos em conta corrente. Não tinha noção da capacidade de maldade de quem não sabe usar adequadamente o seu cargo. É um abuso de autoridade, porque era um assunto que nada tinha a ver com o Tribunal, tanto que o ministro Fux devolveu a ação para a Justiça Comum”, afirmou o conselheiro, que retornou ao cargo em fevereiro de 2021.
Folhamax
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