Médicos ortopedistas que relatam falta de pagamento desde o mês de novembro e falta de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) adequados para a realização de cirurgias no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), ameaçam nova paralisação.
O GD conversou com um médico que trabalha no HMC, que não quis se identificar. Ele relatou que o pagamento à empresa que fornece OPME de forma parcial foi feito, mas aos médicos terceirizados não, e que devido a isso, a classe ameaça greve.
“Nós não recebemos os salários de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. O Conselho Regional de Medicina (CRM) já está ciente da nossa paralisação, falta só formalizar”, explicou.
Em documento encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE), os médicos ortopedistas afirmam que o HMC passa por uma situação de calamidade e que são mais de 90 pacientes que necessitam dos cuidados ortopédicos. Além disso, a falta de insumos básicos para a realização de cirurgias prolonga o tempo de internação dos pacientes.
“As condições necessárias para a realização do serviço tornaram-se tão difíceis que, no momento, até a presente data, registra-se que não estamos realizando nenhum [procedimento de] fratura exposta, fazendo a definitiva, pois, não temos disponibilidade de material de OPME para procedimento definitivo”, consta no documento.
Os materiais eram fornecidos pela Medtrauma ao município, porém no dia 19 de fevereiro, o prefeito Emanuel Pinheiro determinou a suspensão do fornecimento a hospitais como o HMC.
Os médicos afirmam, ainda, que pacientes que possuem casos de maior complexidade não estão recebendo tratamento definitivo, algo que pode agravar o caso dos mesmos e até causar danos irreversíveis.
Vídeos recebidos pelo GD mostram pacientes nos corredores do hospital, que apresenta lotação, como explicado pelos médicos. Ana Júlia Pereira/GD
Em nota, a prefeitura de Cuiabá contestou as alegações dos médicos. Enfatizou que o fluxo de cirurgias no HMC segue normal e que o hospital realizou 19 cirurgias ortopédicas nessa quarta-feira (10). A prefeitura ainda afirma que o fornecimento de OPME segue normal.
Veja nota na íntegra:
O Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) Leony Palma de Carvalho segue fluxo normal de cirurgias ortopédicas. O HMC realizou 19 cirurgias ortopédicas na data de ontem e nesta quinta-feira realizará 25 cirurgias ortopédicas. Todos os pacientes serão atendidos e realizarão procedimentos conforme mapa de cirurgias da unidade.
O fornecimento de OPME segue normal. Por se tratar de material médico de alto custo, o fornecimento tem uma logística própria e um pouco mais complexa que insumos mais simples.
Os médicos contratados pelo HMC são terceirizados e o salário é de responsabilidade da empresa contratada. O salário dos médicos ortopedistas está em dia pela nova empresa contratada, que substituiu a Medtrauma após rescisão contratual pela prefeitura de Cuiabá.
A rescisão com a Medtrauma foi realizada por decreto do dia 19 de fevereiro, a prefeitura de Cuiabá determinou a suspensão de todas as adesões às atas de registro de preço da empresa, alvo de investigação policial. No momento, os pagamentos à Medtrauma estão sob avaliação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
Deixe o Seu Comentário