O promotor de Justiça Eleitoral Márcio Florestan Berestinas pediu a cassação do prefeito eleito por Sorriso (397 km de Cuiabá), Alei Fernandes (União), e seu vice Acácio Ambrosini (União) por crime de ‘caixa 2’ sob a acusação de recebimento de doações ilícitas durante o período eleitoral de 2024.
A denúncia tem como base as investigações feitas pela Polícia Federal, que identificaram, em conversas de aplicativos de mensagens, o esquema entre doações ‘quentes’ e ‘frias’ para financiar as candidaturas dos eleitos. O posicionamento foi publicado na quarta-feira (4).
Ocorre que, às vésperas do primeiro turno da corrida eleitoral deste ano, o empresário Nei Franci, apoiador do, na época, candidato a prefeito de Sorriso, foi preso com R$ 300 mil em espécie em uma abordagem policial feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O suspeito estava em uma caminhonete Toyota Hillux, adesivada com propaganda eleitoral do referido postulante.
Diante da prisão se iniciou uma investigação da Polícia Federal contra o empresário que teve o celular confiscado. Em mensagens captadas, no aparelho, a equipe policial evidenciou um esquema de captação de doações ‘quentes’, quando se tratava de doações seguindo a legislação eleitoral, e ‘frias’, quando o dinheiro era doado por pessoas jurídicas, recurso ilegal para o financiamento de campanha.
Com base nisso, o promotor pontuou uma série de inconformidades praticadas pelo grupo que atuava no ‘financeiro’ de campanha da chapa pura do União Brasil que disputou e venceu as eleições. Além de configurar crime eleitoral e poder culminar na impugnação da posse de prefeito e vice, o esquema também pode ter ‘maquiado’ os reais gastos de campanha, que, conforme o site DivulgaCand, tinham limite de pouco mais de R$ 1 milhão. Alei gastou pouco mais de R$ 917 mil.
“Dessa forma, considerando os fortes indícios de caixa 2 é possível que a campanha do candidato Alei Fernandes tenha extrapolado o limite de gastos, considerando as doações recebidas e não declaradas, que foram possivelmente também utilizadas para o pagamento de despesas contratadas e não registradas na prestação de contas”, declara em trecho do texto e ainda acrescenta:
“Existem, portanto, Excelência, fortes elementos que apontam para a formação de um esquema que angariou doações para alimentar o caixa 2 da campanha de Alei Fernandes. A esse respeito, calha registrar que parte das doações não quentes obtidas para o caixa 2 da campanha já tenha sido identificada nos diálogos constatados no celular de Nei Francio”.
Com isso, o promotor pede a cassação dos mandatos de prefeito e vice. Somado a isso, requereu ainda uma oitiva com testemunhas, sendo elas o delegado federal Tiago Marques Pacheco, o empresário Nei Francio, Atílio Elias Rovaris, Wendel José de Souza e Alan Zibetti Francio.
Atílio e Wendel supostamente estariam envolvidos no esquema. Enquanto Alan, que é filho de Nei, teria atuado como ‘laranja’ na realização das doações financeiras em favor de vários candidatos a vereador e a prefeito.
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