SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ativação da versão de 3,5 GHz do 5G em São Paulo pode ter passado despercebida para quem já usava um celular compatível com a nova geração antes desta quinta-feira (4). Mas não porque não houve diferença.
O símbolo exibido pelos aparelhos conectados é o mesmo da versão de 2,3 GHz, considerada “impura” e disponível desde o ano passado. Mesmo com uma estreia tímida, imperceptível para parte dos usuários, a conexão foi de fato transformada: agora é até dez vezes mais rápida.
O 5G puro começou a operar em São Paulo nesta quinta (4), nove meses depois do leilão das faixas de frequência. Enquanto a versão anterior oferecia um desempenho parecido com o 4G, ou até pior, a atual mostra avanço e já entrega parte do que a tecnologia promete oferecer nos próximos anos.
Em teste feito pela reportagem nesta manhã com um Samsung Galaxy A33 5G, a velocidade de download máxima atingida pelo 5G da Vivo foi de 400 Mbps. Da TIM, foi de 200 Mbps.
Essa taxa determina o tempo que dados levam para ser descarregados da internet, como uma playlist do Spotify e um filme da Netflix. Antes do 5G puro ser ativado, à 0h desta quinta (4), o celular levou cerca de dois minutos para baixar o filme “Agente Oculto” do streaming. Após a ativação, o tempo foi reduzido para 18 segundos.
No teste do 5G impuro, feito em junho, a velocidade de download da Vivo chegou a 36,4 Mbps, valor abaixo até mesmo do esperado para o 4G, de 100 Mbps. O aumento para 400 Mbps, mais de dez vezes, é significativo.
O 5G “puro” promete uma velocidade média de 1 Gbps (gigabit por segundo), dez vezes maior que a geração anterior, podendo chegar a 20 Gbps. Ou seja, a velocidade observada nos testes é alta, mas deve melhorar.
Hoje, planos mais populares de internet banda larga com fibra ótica entregam velocidades semelhantes, entre 100 a 500 Mbps. A diferença é que ainda são uma solução mais barata e estável.
Contudo, para o consumidor médio, o 4G já atende bem atividades de entretenimento, trabalho e educação. O 5G, associado ao aumento da produtividade da indústria, do agronegócio, da saúde e outros setores, requer, além de velocidades maiores, latência mínima.
A latência é o tempo de transferência de um pacote de dados de um ponto a outro, crucial para atividades que requerem precisão, como jogos online, cloud gaming e até cirurgias a distância, uma das principais apostas da nova geração.
Mas, nos testes, a latência ainda não tem a cara de uma nova geração. O menor valor alcançado foi de 13 ms (milissegundos), enquanto a promessa da tecnologia é entregar latência até 1 ms.
Por isso, a quantidade de antenas próximas é essencial para a telefonia de quinta geração funcionar bem, já que a frequência utilizada para a emissão do sinal 5G, de 3,5 GHz, tem alcance menor. Para que a cobertura seja ampla, de qualidade e com latência baixa, as empresas precisam construir, em média, dez vezes mais antenas em relação ao parque já instalado no país.
Hoje, o 5G já tem uma cara nova e se distancia mais do 4G. Mas, para chegar no futuro prometido por campanhas de marketing à época do leilão das faixas de frequência, em novembro de 2021, ainda precisa melhorar.
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